Diogo Carmo

Kate Lindsay para a The Atlantic:

“Gen Z’s relationship with Instagram is much like millennials’ relationship with Facebook: Begrudgingly necessary,” Casey Lewis, a youth-culture consultant who writes the youth-culture newsletter After School, told me over email. “They don’t want to be on it, but they feel it’s weird if they’re not.”

A maioria das redes sociais parecem estar sofrendo em reter seus usuários hoje em dia. O único fator que elas tem a seu favor é a inércia que dificulta você mudar de serviço: a maioria dos seus contatos precisam mudar junto com você para fazer sentido adotar uma nova rede social.

Eu acho que é muito interessante o fato de que as redes sociais começam a decair no momento que as gerações passadas começam a utilizá-la. Vários conhecidos e familiares mais velhos estão ficando cada vez mais ativo no Instagram, e isso acontece ao mesmo tempo que o aplicativo se torna uma péssima experiência para usar, com várias propagandas e conteúdo irrelevante para a maioria dos usuários originais.

In lieu of Instagram, Tilghman turned to Substack, where she writes the paid publication Pet Hair on Everything. She still posts on Instagram, but now mostly as a way to redirect her 246,000 followers to her writing.

Eu vejo o uso das redes sociais cada vez mais como um lugar para divulgar seu trabalho e indicar seus seguidores para te acompanhar em outro lugar. Eu certamente pretendo começar a fazer isso com este blog.

Quando eu era adolescente, adquiri um gosto por jogos de role-playing japoneses, hoje chamados de JRPG. Desde então, acompanho de perto os lançamentos e também como o estilo evoluiu ao longo destes 25 anos. Acredito que a principal diferença entre os jogos da minha infância e os lançamentos atuais é a velocidade de acontecimento dos eventos.

Seja da animação de abertura de uma batalha ou a execução das ações feitas pelo inimigo, ao jogar os lançamentos da década de 90 hoje, tudo parece muito lento. Como nós tínhamos paciência para esperar? Jogos dessa época que são re-lançados sempre recebem um tratamento que adiciona recursos de quality of life, permitindo o jogador acelerar animações.

É curioso pra mim é fato de que eu, tendo jogado no passado sem nunca ter me incomodado com o tempo de espera para uma batalha começar quando era mais novo, hoje me incomodo. O mesmo jogo. A mesma batalha. Hoje eu quero acelerar, passar logo, ir para o que interessa. O que mudou?

Há argumentos a serem feitos quanto a necessidade dessas animações lentas, mas acredito que todas os aspectos de uma obra, inclusive o tempo de espera para ações inimigas, faz parte do processo que é curtir aquele momento, de enaltecer a obra, de criar sentido. Não é tudo em vão.

Isso significa que os jogos atuais são piores por serem acelerados demais? Não necessariamente. Mas eu acho relevante questionar qual o caminho que estamos seguindo e se este caminho é saudável.

Recentemente eu me peguei comentando uma partida de League of Legends junto com alguns amigos mais novos e percebi o quanto que eu não conseguia acompanhar da ação frenética que acontece durante as brigas. Em vários momentos, eu achei que algo havia acontecido, para logo depois ser corrigido de que na verdade eu só não havia processado rápido o suficiente os movimentos para poder ter uma leitura fiel de quem havia feito o que.

Após sucessivas análises incorretas, eu comecei a observar que o meu cérebro não consegui acompanhar rápido o suficiente os movimentos, e que isso possivelmente está relacionado com ao que eu fui exposto (ou não fui) quando eu era mais novo. O meu cérebro se desenvolveu de uma forma diferente daquela que as novas gerações se desenvolveram (ou estão se desenvolvendo).

Eu acredito que o motivo disso se dá pelos diferentes estímulos aos quais nós sofremos ao longo do nosso desenvolvimento mental. A minha infância também foi a infância dos jogos eletrônicos, hoje uma das maiores indústrias de entretenimento do mundo. Mas os jogos populares hoje, provavelmente não seriam populares no passado.

Jogos como Minecraft e League of Legends acontecem num ritmo muito mais acelerado dos jogos lançados na minha infância. Talvez seja fácil fazer essa comparação entre jogos FPS (first-person shooters). Se você comparar Doom e Overwatch, uma das principais diferenças, ao meu ver, é o quão frenético a ação é. Muita coisa acontece o tempo todo.

A relevância dessa reflexão se dá por dois motivos. O primeiro é que isso me ajuda a entender as minhas limitações como jogador, eu não acredito que conseguiria treinar LoL o suficiente para me tornar um jogador acima da média. O meu cérebro não se desenvolveu para esse tipo de percepção.

O segundo motivo é que essas mudanças não se limitam ao mundo dos jogos. A mudança de comportamento das novas gerações quanto a percepção do tempo, a paciência, a ansiedade, tudo está relacionado. E, de uma forma, existem benefícios nesse imediatismo informacional que vivemos hoje. Porém, em muitos processos da vida, a passagem do tempo é um ingrediente indispensável para serem aproveitados de fato. O que nós estamos deixando de viver por estarmos sempre com pressa?