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Lim Naeun foi concebida em Seul no ano de 1998 numa madrugada com nevasca gélida livre da responsabilidade de seus genitores, apesar de a gestação não estar nos planos, a dádiva foi acolhida como uma bela flor num jardim. A família era conhecida entre os mais afortunados por ter envolvimento com a área da saúde e ser dona do Whistling Rock Country Club em Gangwon-do, ou seja, desde sempre, os pais lhe davam até mais do que o necessário para evitar que nada lhe faltasse.

Sendo filha única gozando do privilégio da riqueza, a garota cresceu se acomodando nos confortos que o poder aquisitivo lhe oferecia, recebia convites para eventos e festas badaladas desde os doze anos; essa influência a fazia passar por cima de outras pessoas, agir impulsivamente, consumir bebida alcoólica, fazer aquilo que tinha vontade sem pensar nas consequências. Afinal, se os genitores usavam o dinheiro para se livrarem de acusações de assédio contra o patriarca ou envolvimento ilegal de um de seus tios com o tráfico, era obrigação deles fazerem o mesmo por ela. Contudo, Naeun descobriria que havia uma leve hipocrisia nesse aspecto em sua família, principalmente quando a pessoa causando problemas era uma mulher.

Não demorou para que sua fase problemática atraísse tabloides, essa aproximação repentina deixou seus pais atentos sobre seu comportamento e devido ao receio de que situações encobertas viessem à tona, os fizeram dar um fim radical nisso. A garota foi enviada para um internato católico que mais parecia um hospício na França, onde era disciplinada fisicamente, dopada e coagida a seguir a história criada por um publicitário de seu pai. Ficou nesse local até completar vinte anos, sem nenhum contato verdadeiro com o mundo exterior e desenvolveu uma certa dificuldade em expressar seus sentimentos verdadeiros, seu unico conforto eram os filmes franco-italianos que preenchiam a estante do quarto que dormia.

Ao chegar a maioridade, Naeun conseguiu retornar ao país natal e apesar de tudo que havia passado, esperava ser recebida de braços abertos, mas na realidade, recebeu a informação de que não era mais bem-vinda em sua casa e que o tempo que passou longe, era uma consequência por não ter agido como uma mulher deveria. A mentalidade de sobrevivência, raiva e desgosto pela hipocrisia tomaram forma em um plano avassalador: procuraria pessoas para ajudá-la a encontrar os podres dos pais, forjaria documentos se fosse necessário, contaria a verdade sobre a história criada para ir à França e processaria os pais por danos morais, calúnia e os deixaria em maus lençóis.

Como esperado, o escândalo levou atenção dos principais tabloides internacionais, a família Lim e muitos jornais apontavam as inconsistências nos casos, a opinião pública era bem dividida; alguns sentiram pena da garota e outros, acreditavam que ela não passava de uma mentirosa. Durante o processo, pessoas surgiram assumindo ter visto a garota bêbada e frequentando festas regadas a droga, diferente da imagem de vítima que passava no tribunal. Porém, as vítimas das acusações do pai também apareceram e conforme o desenrolar, mais envolvimentos ilegais da família tomaram luz. No final, a garota ganhou o processo e tirou uma quantia alta para viver confortavelmente pelo resto da vida.

Para manter a narrativa criada, a garota decidiu reconstruir a vida se aplicando para Kyonggi, onde estuda Cinema visto que os filmes foram uma forma de escape durante sua adolescência. Apesar de pouca cobertura midiática, até hoje existe uma dúvida constante se a garota era mesmo uma vítima ou se era apenas ambiciosa e egoísta por delatar os pais; muito se fala e pouco se sabe porque no dia-a-dia, Naeun age como certinha. Mas há quem diga que na calada da noite, ela se transforma na troublemaker que sempre foi.