#000427 – 17 de Janeiro de 2021

O Decameron é escrita pós-pandémica. Boccaccio terá escrito as 100 histórias do volume vários anos depois da Peste Negra. Vivemos em tempos de indústria editorial e de expectativas de satisfação instantânea. Saem grossos ensaios populares sobre um fenómeno antes mesmo de sabermos o que nos atingiu. O próprio Zizek já publicou dois volumes sobre o vírus. Continuo imensamente curioso sobre a forma como a ficção irá reagir a este atrofiamento geral das sociedades, este estrangular da vida em comum, funil a fazer da economia um escoamento de meios para ainda menos bolsos. Qual a vitalidade da imaginação?