Especialmente para a Igreja que está em Cristo.

O propósito real da vida não é a felicidade, mas o conhecimento de Deus, é por essa razão, que nos maiores encontros com o sofrimento homens conheceram a Deus. O problema enigmático acerca do mal, é devido a tendência do ser humano achar que se Deus, de fato existe, objetivamente, para a vida humana é a felicidade a vontade divina. Mas o verdadeiro gozo é gloriar–se nas tribulações e, naquilo para o qual nos tornaremos bem–aventurados — “é–nos ordenado carregar uma cruz, não uma flor”.

É com razão, que os bem–aventurados, “são pobres de espírito [...] eles choram [...] são mansos [...] têm fome e sede de justiça [...] são misericordiosos [...] são limpos de coração [...] são pacificadores [...] e são perseguidos pela justiça [...]” — todas essas virtudes nutre grande sofrimento humano devido o combate à natureza pecaminosa (que habita corporalmente em todo crente) e guerras diárias com o diabo, os demônios e seus agentes (que atuam como inimigos da alma e Igreja).

Usarei Mateus 5 para construir alguma Teologia aqui, do sofrimento; não irei enfatizar as recompensas (das bem–aventuranças) num primeiro momento, mas o sofrimento que é o motor que conduz as bem–aventuranças. Explico às razões do sofrimento produzido devido o exercício dessas virtudes (buscas):

[1] – “os pobres de espírito” — são aqueles que reconhecem sua pobreza espiritual e, deixando de lado toda autodependência, procuram a graça de Deus. Os que têm maior necessidade espiritual estão mais aptos para perceber essa necessidade e depender somente de Deus e não da sua própria bondade — resulta sofrimento dado a real debilidade devocional (de apego sincero e fervoroso a Deus e ação de se dedicar a ser pobre espiritualmente) e de um mundo sem necessidades espirituais, completamente morto e indevoto.

[2] – “os que choram” — não são necessariamente pessoas consternadas, mas os que passam pelo pesar do arrependimento. O contexto indica que estão chorando por causa do pecado e do mal, especialmente os deles mesmos, e por causa do fracasso da humanidade em dar a glória devida a Deus — resulta sofrimento dado a completa debilidade antropológica (da condição humana caída e alienada) e de coabitação num mundo hedônico (caracterizado pelo prazer à quaisquer custo, e à parte de Deus).

[3] – “os mansos” — não conota fraqueza, mas sim uma energia controlada. A palavra contém as idéias de humildade e autodisciplina; assemelha–se à do Salmos 37:11 e, talvez, esteja baseada nela. A mansidão aqui referida é de natureza espiritual, uma atitude de humildade e submissão a Deus — resulta sofrimento dado a debilidade deontológica (do dever e da obrigação do crente), da metafísica (da natureza fundamental da realidade que permeia todos [potencialidade e atualidade]) e de coabitação num mundo em rebelião, arrogante e obstinado.

[4] – “os que têm fome e sede de justiça” — os que procuram a justiça de Deus recebem aquilo que desejam, e não os que confiam em sua própria justiça — resulta sofrimento dado a debilidade de crença (ceticismo), autojustiça humana e de convívio com um mundo agressivamente injusto.

[5] – “os misericordiosos” — aqueles que põem em ação a piedade podem esperar a mesma misericórdia tanto da parte dos homens como de Deus — resulta sofrimento dado a debilidade impiedosa que habita no coração humano devido habitar pecaminosidade nas volições (desejos) e de um mundo que jaz no Maligno (guiado pelo homicida [agentes aborrecedores], que não se apega à verdade, e que não há verdade em nenhum deles).

[6] – “os limpos de coração” — aqueles cujo ser moral está livre da contaminação do pecado, sem interesses ou lealdade divididos — resulta sofrimento dado a debilidade de total santificação (separação do mundo e para Deus, a qualidade da santidade) e do ataque sistêmico de um mundo contaminado, interesseiro e desleal no comportamento com os relacionamentos sociais.

[7] – “os pacificadores” — os que possuem paz espiritual e não a cessação da violência física (quando inseridos) entre as nações é o que se tem em vista aqui. Mesmo que o termo seja geralmente entendido no sentido daqueles que ajudam outros a encontrar a paz com Deus, esta paz pode também ser entendida como aqueles que alcançam sua própria paz com Deus e são chamados seus filhos, filhos de Deus que é “o Deus da paz” (Hebreus 13:20) e servos de Cristo, que é “o Príncipe da Paz” (Isaías 9:6) — resulta sofrimento dado a realidade das muitas guerras espirituais com o diabo, com a tentação e pecado (da cobiça da carne, dos olhos e da soberba da vida) e, com os conflitos de um mundo de profundas inquietações e incertezas, e de cosmovisões satânicas.

[8] – “os que sofrem perseguição pela justiça” — somente quando se estabelecer o paraíso restaurado (“novo céu e nova terra”), essas injustiças serão sanadas — resulta sofrimento dado a realidade de imposições retas (verdadeiras) para pessoas que são conscientemente mortas e de um mundo que encontra–se em profunda obscuridade.

O sofrimento que produz encontros reais e causa bem–aventuranças.

Por intermédio do ermo, Jacó viu Deus em Betel (Gênesis 28:10 – 22; João 1:51); no decurso do retiro sofredor, atônito Moisés viu Deus no meio de uma “sarça incandescente” (Êxodo 3:1 – 22); ao longo de um sofrimento profundo, Elias ouviu “uma voz mansa e delicada” (1 Reis 19:12, 13); durante a solidão no meio dos cativos exilados, Ezequiel viu “a glória do Senhor” junto ao rio Quebar (Ezequiel 1:1 – 28); no tempo da expatriação, Daniel viu o “ancião de dias” (Daniel 7:1 – 28); no fim de um longo cativeiro de opressão, em fervente oração, Jó viu [conheceu] a Deus (Jó 42:10); atravessadamente desgraçado em sua alma esmorecida, Davi alcançou e vestiu–se da misericórdia de Deus (Salmos 51:1 – 19); no decorrer da aflição em Patmos, enclausurado e perseguido, João foi arrebatado “no Espírito” (ou “no controle do Espírito”), e no dia do Senhor viu o resplendor da glória de Deus, Jesus Cristo ressurreto (Apocalipse 1:10); por meio de um “espinho na carne”, um ataque instigado de maneira demoníaca, um mensageiro de Satanás, Paulo aprendeu sobre a suficiente e poderosa graça do Senhor (2 Coríntios 12:7 – 9).

Para que tenhamos deleitável ânimo por estarmos em Cristo, destemida e corajosa confiança por sabermos que Cristo é o Senhor da Igreja e, ousadamente fé depositada no Cristo, e, por fim, desprendimento das coisas terrenas, faz–se necessário passar por muitas aflições; elas indicam a realidade que permeia aqui (subitamente), entrepõe–se céu e terra e nos faz buscar destemidamente as coisas salutares e divinas (cf. João 16:33). As Escrituras, frequentemente, indicam que Deus guia seus filhos através do sofrimento antes de eles alcançarem a glória dEle (como mencionado acima) e o Espírito garante glória, o que é suficiente (Romanos 8:17 – 30). Então, por que razão, com tal intensidade são as contestações e imposição a Deus para a soltura acerca dos sofrimentos? Se qualquer cristão rejeitar uma cruz, sem dúvida achará outra, e pior, talvez mais pesada. Nem Jesus Cristo, nosso Senhor, esteve uma hora, em toda a sua vida, sem dor, humilhação e sofrimento, admitia e aceitava Ele sofrer e ressurgir dos mortos, para que assim entrasse na sua glória (Lucas 24:26). Como, diante disso, pode o cristão buscar outro caminho que não seja o caminho real da santa cruz (sofrimento)?

Concluo com Paulo, “Porquanto, por amor de Cristo vos foi concedida a graça de não somente crer em Cristo, mas também de sofrer por Ele” (Filipenses 1:29), “Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Romanos 11:36). E, “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gálatas 6:17).

— Pr. Plínio Sousa, Instituto Reformado Santo Evangelho.