#001779 – 19 de Julho de 2024

Primeiro dia. Acordo às 5h30 para ir de comboio até Viana do Castelo. Uma bola de berlim no Zé Natário e pedalo até Ponte da Barca, com sombra. Afasto-me um pouco do Lima, para 10 kms pela EN-230. Entre-ambos-os-rios é um local rodeado de água e verde. Como um prego com queijo da serra em pão rústico e leio um pouco. Desço até ao rio. Uns holandeses tomam banho, parecem enregelados, queixam-se o suficiente para me adiar o banho. A margem é linda, erva e flores, à sombra de árvores de raízes submergidas. Molho os pés e apercebo-me de que a margem cheira muito bem. As flores roxas são de hortelã, bem viçosa aqui perto da água, que afinal está óptima. Mergulho com prazer, a tranquilidade nem sequer é perturbada por uma voz feminina francesa a falar, quase em surdina, sobre as eleições no seu país. Escrevo e o som do vento é agradável. Lembro-me dos alfaiates, da libélulas azul eléctrico a voar silenciosamente sobre a água. Hoje no comboio, vacilei. Este coração empedernido, por momentos, sentiu uma enorme gratidão pela vida que tenho. A solidão é a cura, a forma de me preparar para lidar com o resto do mundo.