#001647 – 09 de Março de 2024
Trabalho em ritmo acelerado. Chuva em fôlegos surpreendentes. Fleet Foxes, Volcano Choir e Beirut a sossegar a alma.
Trabalho em ritmo acelerado. Chuva em fôlegos surpreendentes. Fleet Foxes, Volcano Choir e Beirut a sossegar a alma.
Finalmente leio Kazuo Ishiguro. Klara and the Sun é uma boa surpresa.
Depois de um mês a recuperar da cirurgia, de descuido com o peso e alguma depressão, volto a andar de skate. Venho feliz e suado, este diário ainda está atrasado quase 20 dias, mas começo a colocar a vida em dia.
De novo poeiras do Sahara no ar. No ecrã, extraterrestres a caminho da Terra, na adaptação do “The Three-Body Problem”, de Liu Cixin.
Estou nas últimas páginas de “Big Sur and the Oranges of Hieronymus Bosch”. Henry Miller, na terceira parte do livro, descreve a relação com Moricand, primo de Anaïs Nin. Este vem, a certa altura, viver com Miller e a família, na minúscula e muito modesta casa no Big Sur. Como prenda, o francês traz um relógio de parede. É revelador ler do autor americano o seguinte: “I tried to express my appreciation of the marvelous gift he had made me, but somehow, deep inside, I was against the bloody clock. There was not a single possession of ours which was precious to me. Now I was saddled with an object which demanded care and attention.“
Há ainda casos em que a entrada no caderno se assemelha à premissa de uma potencial narrativa. 14 de Junho de 2021: “Viajo atrás no tempo para começar a escrever mais cedo e publicar logo. Distraio-me com tudo o resto” ; 2 de Outubro de 2021: “Depois de tudo o que se passou, o homem não se lembrou de que lhe tinha saldo a vida.” ; 22 de Novembro de 2021: “O cérebro do Henry Kissinger foi mapeado por um computador quântico.”
Outras vezes, o que me chama a atenção é quão lacónico é o registo daquela noite a sonhar. 3 de Dezembro de 2019: “Um beijo acordou-me” ; 20 de Dezembro de 2019: “Voei muito. E não só.“
Há bem mais de dez anos que registo sonhos. Tenho papel e caneta ao pé da mesinha de cabeceira, para escrever umas linhas enquanto existe memória do sonho. Desde 2019 que o faço no mesmo caderno. Noto, ao reler, algum ocasional sentido de humor, como na entrada de 26 de Novembro de 2019: “A má notícia é que virei a panela a ferver e queimei-me. A boa notícia é que era um sonho.“
Leap Day. No Português este dia não tem nem o nome nem o conceito.