sabiazinha

historiasdecasal

Uma dose de treino de datilografia para parar de teclar como galinha catando milho

KTouch

O Sr. Sabiá mudou de emprego recentemente e observou que as pessoas da nova empresa digitavam “como se fossem galinhas comendo milho”, como diríamos lá na roça. (para quem não tem a referência rural e nunca viu, as galinhas ao ver milho no chão pegam um por um) 🐔 🌽

Intrigado, e sem que eu soubesse, à noite ele me observou digitando e disse: “Você não digita com todos os dedos?” 🖐️

“Hmm, acho que não”.

Então olhei para o teclado, abri um documento em branco no desktop e digitei um pouco, rapidinho, e percebi que alguns dedos eram mais preguiçosos do que outros e faziam os outros trabalharem duas vezes mais. Bem formiga e cigarra mesmo. Percebi que meio que digito como galinha comendo milho, mas muito mais rápido, pois uso computador há mais de 20 ano, né? Diferente da tia C. que só usa os dois dedos indicadores para digitar (aquelas cenas que são desesperadoras de assistir).

“Mas por que, você digita com todos os dedos?” – perguntei, já sabendo que ele tinha feito um curso de datilografia quando era adolescente, nos anos 90, e como isso era fantástico, magnífico e maravilhoso e como ele era o maioral. 😛

“É claro! Quando eu tinha uns 14 anos, minha mãe pagou um curso de datilografia para mim. Foi ótimo, é incrível como você pode ser muito mais rápido e produtivo dessa forma.”

“Ah, que legaaauu” – respondi, com inveja da visão de futuro da mãe dele que a minha não tinha (ou que pelo menos não soube como impor a mim). 😕

Pois minha mãe tinha sido secretária e tinha uma máquina de escrever. Então na casa dos meus pais tinha uma coleção de livros de datilografia, e aprender a digitar corretamente era realmente um assunto nos anos 90 (e talvez antes), importante em algumas profissões e útil em outras.

Lembro-me de tentar fazer os exercícios desses livros na máquina de escrever da mainha, mas nunca fui muito além de brincadeiras de escrever cartinhas de amor para a família. Mas tenho uma ideia do que precisa fazer: cada tecla tem um dedo específico atribuído a ela, os dedos devem digitar indo de um para o outro (para cima e para baixo) com você movendo a mão o mínimo possível.


Enfim, ele saiu do quarto e eu voltei a olhar para o computador, pensei que eu realmente teclo feio 👻, e comecei a tentar digitar elegantemente com a leveza de um pianista usando todos os meus dedos 🎹 mas os danados não eram muito responsivos. 😅

Por coincidência, semana passada, eu estava navegando no site do KDE para ver quais aplicativos existiam e me deparei com o KTouch, que ajuda você a praticar a digitação correta com os dedos certos e a ganhar velocidade. Baixei o bendito e comecei a treinar um pouco hoje – ou melhor, testar. Não sei se realmente vou levar a sério, mas se pelo menos eu melhorasse um pouquinho mais já seria bom.

Então é isso, talvez em breve eu consiga digitar mais rápido e escrever ainda mais banalidades! 😜

#datilografia #teclado #historiasdecasal

Podcast: Led Friedman entrevista Jimmy Wales (fundador da Wikipedia)

O Sr. Sabiá começou a ouvir o podcast do Lex Fridman para treinar o inglês, já que a nova empresa tem reuniões intensas na língua de Shakespeare. Ontem, procurando algum novo episódio, encontrou uma entrevista do Jimmy Wales, co-fundador da Wikipedia. (🎙️link aqui)

Como eu não tenho paciência para podcast longos (as entrevistas do Fridman chegam a durar 4 horas!), o sabiazão costuma me contar os pontos que mais gostou. E como ele vai ouvindo de pouquinho em pouquinho, todo dia recebo doses homeopáticas do conteúdo que ele consome.

E hoje, ah! Ele chegou empolgado com a Wikipedia, com o Jimmy Wales, com os assuntos falados na entrevista.

Ele falou meu idioma de forma espontânea, o que é muito raro, pois sou sempre eu trazendo esses assuntos relacionados à tecnologia para casa, que ele escuta respeitosamente mas sem se interessar ou se envolver de verdade.

Os assuntos dessa entrevista eram novidade para ele. O modo de funcionamento da Wikipedia, os conflitos, a abnegação dos voluntários, a opinião do J.Wales sobre as atualidades.

🥹

Meu coração acelerou.

💓

O sabiazão se empolgou com a Wikipedia! Ele se impressionou com esse mundo colaborativo do qual tanto falo, sem jamais ter conseguido catequizá-lo – nem a ninguém mais. Será que consigo trazê-lo para esse lado da força? Para o trabalho gratuito em benefício da humanidade, justo ele que só trabalha por dinheiro? Será que consigo convencê-lo a não ser um usuário meramente passivo no mundo digital, que consome conteúdo sem jamais retribuir, e ser alguém que cria conteúdo útil para os outros?

Nunca consegui convencê-lo, mas quem sabe o Jimmy Wales jogue um feitiço no sabiazão?

Em milésimos de segundos, fiz novos planos para nosso relacionamento. Poderíamos, pela primeira vez, termos um hobby juntos! Poderíamos, depois do jantar, retirar as panelas da mesa, sentarmos juntos e começar a editar artigos na Wikipedia estando lado a lado, cada um com seus assuntos favoritos, fazendo comentários e se ajudando mutuamente, fortalecendo nossa motivação e até nos propondo desafios, temas e competições.

Quem criou mais novos artigos no mês? Quem acrescentou mais imagens? Quem expandiu e aprofundou mais verbetes? Quem excluiu mais conteúdos falsos gerados por IA?

Fixar o dia de editar biografias, ou ciência, história, esporte, atualidades... um pouco de tudo, e até tudo de pouco.

☁️ Comecei a sonhar com companhia. Não que eu não tivesse companhia, mas para buscar companhia na minha vida, sempre precisei sair do meu mundo e ir procurar lá fora, no mundo dos outros e de me interessar pelo mundo alheio. Pois no meu, sempre foi solitário. Quase sempre.

Na Wikipedia e em outros projetos, sempre colaborei sozinha. Colaborar nesses projetos para a humanidade sempre foi solitário, por mais contraditório que isso possa parecer. “Trabalhava” no meu cantinho, sem que ninguém soubesse nem se interessasse.

Quando ele terminou de contar uma das partes da entrevista, eu sorri, com aquela esperança de criança e fui em direção a ele.

“Chuchuuuu, você está gostando desse assunto de Wikipedia? Você quer fazer sua primeira contribuição? Escrever um primeiro artigo? Eu te ajudo! A gente vai fazer juntos? Vamos? Depois do jantar, a gente senta à mesa e começa a editar artigos? Vamos?? Vamos chuchuuu!!!”

Ele ri. “Sério que você quer fazer isso?”

“Eu já faço isso!”

“Jura?” – e olha entusiasmado. “Você sabe fazer?”

“Eu sei, ué!”

Ele riu mas mudou de assunto, como sempre.

...desanimei...

Sabiazão não sabia, ou melhor, esqueceu que a sabiazinha era metida à escrever coisas na Wikipedia. Que o fazia desde que ambos eram namorados, e que voltou a fazer no ano retrasado.

Ele esqueceu que no ano passado, procurou uma informação na Wikipedia e caiu em um artigo onde eu tinha acrescentado alguns parágrafos. E que eu lhe disse: “vc acessou o artigo X?” – “Sim” – “Sabia que eu escrevi uma parte dele?” – “Ah!”

“Você poderia ter me perguntado, eu saberia te responder” 😎 – provoquei – “mas você preferiu procurar na internet e caiu em uma resposta escrita por mim! Haha!” – e ele riu.

Mas no final das contas, não consegui seduzi-lo a retirar as panelas da mesa depois do jantar para ali colocarmos nossos computadores e começarmos a editar artigos para o bem da humanidade, juntos, como dois militantes adolescentes na flor de uma recém-adquirida consciência social. Como no passado.

...

No entanto o assunto não acabou para mim. O Sr. Wales plantou a sementinha do interesse no espírito do sabiazão. E eu preciso aproveitar o gancho. Serei maquiavélica, para o bem da humanidade. Vou encontrar um artigo incompleto na Wikipedia, de algum tema que ele adora e domina, e vou compartilhar com ele. Será que ele vai perceber finalmente que ele tem o poder de melhorar aquela informação? 💪

Aguardem as cenas do próximo capítulo.

#podcast #wikipedia #historiasdecasal