Sofia Okaji

Dualidade

O cansaço emocional me invade o físico com o total aval da coerência. Ultimamente, eu que questiono sobre tanta coisa, não encontro tempo para me permitir refletir sobre nada. Afinal, a atividade especulativa não movimenta o sistema.

Mas o que permeia pelo meu ser são questões emocionais pelo qual tanto fugi nos últimos anos. A carência afetiva que sempre foi um ponto nos meus aterros pessoais agora me transborda aos olhos.

E por esse mesmo motivo, situações e tentativas frustadas de suprir essa carência têm me permitido pensar acerca do assunto.

É nesse momento que, me perceber como indivíduo numa sociedade em que reflexões sociológicas e emocionais não são relevantes me fazem sentir cada toque de tortura como uma facada no peito.

Quando me deparo com o monólogo do eu e o ego como forma de sedução, me silencio por um minuto pelo terror alcançado nas minhas piores noites mal dormidas.

Eu que tanto amo a singularidade abomino quem tanto se ama em prol da masturbação do próprio ego.

Ainda na luta de aceitar a podridão humana, a dualidade às vezes assusta.

Nada mais confuso

Todo o peso de ter me deixado levar por um sentimento efêmero e destruidor agora me causa ânsia de ter me permitido. Há partes em que nada faria mais sentido do que apenas sentir. Outras eu apenas desejo descanso da minha intensidade carnal e espiritual. Eu carrego o amor pelo mundo, eu sinto tudo por todos e tudo se resume em amor.

Eu sou amor da cabeça aos pés.

A vulgaridade de desejar não me causa nada além de querer continuar. A pluralidade humana ainda me encanta como mais nada nesse mundo. E tudo me encanta como a pluralidade existente. Continuo a desejar o mundo, Como se fosse meu.

Continuo querendo dar tudo de mim pra quem precise, pra quem me queira e eu queira de volta. Como não ei de me encantar com o amor? O amor me consome, e eu o consumo como droga.

Minha droga é amar sem limites. É me amar e querer compartilhar esse amor com quem eu amo.

Quem amei, ainda amo. O amor sem limites, o amor infinito e puro.

Como o que ei de compartilhar até o fim dos tempos.

O que prevalece diante a dualidade mundana?

Cada confusão mental que abrange certa situação causal advinda do próprio equívoco consciente me transborda o cuidado com o próprio corpo e mente. Eu suplico por um apoio onírico inexistente quase onipotente que descansa sob meus versos mais intensos. O desespero bate os pés para a entrada forçada, mas agora só vejo luz, sinto luz, mas respiro com dificuldade num mundo inerente a dor. Sem a dualidade das coisas, a vida se transformaria num mar de morfina e todos estariam anestesiados de qualquer incômodo? Será que é só na vivência mundana em que a dualidade se estabelece? É você quem escolhe o que prevalece.

Ah o amor...

A minha felicidade é me sentir livre para poder sentir o prazer de apreciar todas as etapas de todos os meus processos. Demorou tanto, mas cada expiração e inspiração é grito de vitória por estar tão viva. A emoção que me vem a tona é só mais uma consequência de todo meu amadurecimento dentro de um ambiente hostil. Cada pulsar dentro de mim é uma inspiração para continuar aprendendo a viver num mundo em que nem isso é plausível. Eu respeito cada pedaço do meu corpo, e o toque que se aproxima com amor, de um autor que tanto idolatro. O autor possuidor de todo carinho que eu poderia espalhar sem nenhuma hesitação em sua presença. Eu vivo dentro do amor que transborda de toda a história cármica demonstrada entre nós. Nada poderia me fazer tão feliz.

Validação social através de uma atividade intelectual bem remunerada

Eu sou filha de japonês, e cresci ouvindo meu pai dizer o quanto minha educação era de extrema importância, principalmente para ter uma carreira bem sucedida, conseguir acumular mais e mais posses pelo mundo material. Mas isso também pelo fato de conseguir certo respeito alheio necessário para uma boa convivência. Minto, pois nesse contexto só vejo que isso se resume a se sentir mais ou menos que outras pessoas. Pertencer ao um grupo específico na sociedade requer paciência com os comentários alienados e algumas vezes até desrespeitosos e de cunho maldoso. As caixinhas que me foram impostos durante minha vida foram pisados, amassados e jogados no lixo depois de um longo processo terapêutico. Nada mais relacionado diretamente e unicamente à representação de troca material me atrai. Tudo que eu faço, ignoro por completo toda a questão financeira. Não porquê não faça algum sentido, até faz, para muitas pessoas isso é o que move a vida delas. Mas a partir do momento em que minhas metas são direcionadas, de forma unilateral, ao dinheiro... Toda a energia se esvazia em questão de segundos. Finalmente posso dizer que o que me move é ser feliz, espalhar amor e paz. Mas isso não quer dizer que não tenho consciência de questões universais, como a luta de classes e a luta dos trabalhadores, ou que ignoro ou desconsidero a importância dessas questões, de forma alguma! Eu simplesmente aprendi a canalizar minha vontade de ajudar as pessoas, a natureza, o universo com calma e uma vida pessoal organizada e leve. Sem isso, eu ainda estaria perdida, sem saber nem por onde começar. A consciência cheia de dor faz nossos atos se estagnarem e o desespero se alastra.

01/02/2021 23:23 ceagesp

O que me guia

A consciência continua a trazer os piores sentimentos mundanos

Eu continuo a pensar em como seria leve viver sem o peso do saber

Em contraste, não o largo por nada.

Apesar do pesar É o que me motiva a existir perante tanta dor dissimulada encardida e por vezes escondida entre tanto caos diário subliminar.

Frequentemente penso em abandonar a luta e me abster de qualquer sentimento que seja.

O retrocesso do sistema humano, da saúde em prol da revolução da sociedade completamente manchada de sangue.

Eu perdoo cada tropeço de quem luta contra esse sistema.

Não perpetuo o ódio por aqueles que tanto mancham a dignidade humana e quebram cada pedaço do meu peito, que me fazem querer desistir todos os dias.

Pois não permito que seja esse o sentimento que vá me guiar durante meu processo de canalizar todo meu sofrimento ódio, indignação em luta.

O que me guia é a força de cada ser existente unido contra um sistema DESUMANO.

Saudade do inexistente Do sentimento efêmero de amar Da sensação de aconchego próximo ao precipício

Me entregar como se fosse o último dia Como se fosse o último beijo Como se vc existisse fora das minhas confusões orgânicas do organismo

Esse sentimento de falta de algo que nunca existiu Ou sequer vai existir Me cabe a reflexão de que a resposta está sempre em mim Sou eu a pessoa capaz de conduzir

Não passo de uma mera sobrevivente nos ciclos destrutivos de um sistema que nasceu caótico A simples ideia de existir persegue o caos Assim como minha mente o persegue ao longo do dia

É destrutivo, mas ainda assim, o desejo é colocado em jogo como mais uma atitude imposta de forma indireta Acostumados com o sofrimento, damos continuidade ao ciclo, quase que de forma mecânica.

A gente se desprende dos padrões repetitivos e danosos, para nunca mais voltar a estaca de manipulados.

05/01/2021 14:37 Yo-Yo Ma

Por um repentino desequilíbrio Todos os meus esforços se tornam levianos Diante o caos, o famigerado caos efêmero

Tão efêmero quanto um amor moderno Tão intenso quanto meu amor por você

Tal explosão mental que me fere mais do que cortes abertos Lambidos por um cachorro qualquer Que me despreza na mesma proporção que o admiro

Minha vida não é mais do que qualquer uma por aí A importância das coisas se mede em cada umbigo separado do amor materno

A importância é criada Não inerente Mas persistente a nós como como imposto e mal estabelecido

A visão que perdura a tantos anos não é mais do que uma influencia externa disseminada

Quando se desprende de todos os valores... Qual é o seu valor? Qual é o valor da vida diante tanta discrepância violenta atrás das montanhas?

Seu prazer de viver é viajar... O prazer daquele não visto e nem mencionado é colocar a comida na mesa?

Como poderá Como há de ter Fútil comparação entre seres tão peculiares na essência de sua existência (?)

Há sentido em se ver só em um mundo em que cada um pensa no próprio mundo e não o macro?

A existência, peculiaridade, a essência de existir e ser único. O gosto amargo de viver sem pertencimento algum.

Grafite

Já deve ter feito alguns meses desde que quebrou Ele o derrubou, nunca mais foi o mesmo
Ao longo desse tempo costumo usá-lo todos os dias

Mas a gente sabe que vai ter aquele momento Em que você vai se sentir sem o que fazer Pois aqui estamos, sim, chegamos a ele Aquele pedaço quebrado e te machuca

Você nem sabe se quer tê-lo mais Se quebrou tanto, se perdeu pelo caminho Será que ainda há utilidade em meio a tanta ferida?

Já vi meu pai consertar tantos objetos Com tanta criatividade e força de vontade Ele sempre dá um jeito, menos em seu coração

Os caminhos se interligam, os erros se repetem Gerações diferentes continuam se machucando Percebe como tudo pode ser muito parecido?

Era só um grafite Mas agora são lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

Escuridão que aflige

Não pertenço ao inferno Ele está dentro de mim. Sendo construído Com filtros de cigarros Esquecidos no jardim Da solidão e angústias engolidos. Às vezes desejo morrer Só a vontade deveria bastar Morrer apenas do desejo que me aflige Quem dera fosse tão fácil Nem desistir é fácil.

07/10/2019 16:16 praça.