Dualidade
O cansaço emocional me invade o físico com o total aval da coerência. Ultimamente, eu que questiono sobre tanta coisa, não encontro tempo para me permitir refletir sobre nada. Afinal, a atividade especulativa não movimenta o sistema.
Mas o que permeia pelo meu ser são questões emocionais pelo qual tanto fugi nos últimos anos.
A carência afetiva que sempre foi um ponto nos meus aterros pessoais agora me transborda aos olhos.
E por esse mesmo motivo, situações e tentativas frustadas de suprir essa carência têm me permitido pensar acerca do assunto.
É nesse momento que, me perceber como indivíduo numa sociedade em que reflexões sociológicas e emocionais não são relevantes me fazem sentir cada toque de tortura como uma facada no peito.
Quando me deparo com o monólogo do eu e o ego como forma de sedução, me silencio por um minuto pelo terror alcançado nas minhas piores noites mal dormidas.
Eu que tanto amo a singularidade abomino quem tanto se ama em prol da masturbação do próprio ego.
Ainda na luta de aceitar a podridão humana, a dualidade às vezes assusta.
Nada mais confuso
Todo o peso de ter me deixado levar por um sentimento efêmero e destruidor agora me causa ânsia de ter me permitido.
Há partes em que nada faria mais sentido do que apenas sentir.
Outras eu apenas desejo descanso da minha intensidade carnal e espiritual.
Eu carrego o amor pelo mundo, eu sinto tudo por todos e tudo se resume em amor.
Eu sou amor da cabeça aos pés.
A vulgaridade de desejar não me causa nada além de querer continuar.
A pluralidade humana ainda me encanta como mais nada nesse mundo.
E tudo me encanta como a pluralidade existente.
Continuo a desejar o mundo,
Como se fosse meu.
Continuo querendo dar tudo de mim pra quem precise, pra quem me queira e eu queira de volta.
Como não ei de me encantar com o amor?
O amor me consome, e eu o consumo como droga.
Minha droga é amar sem limites.
É me amar e querer compartilhar esse amor com quem eu amo.
Quem amei, ainda amo.
O amor sem limites, o amor infinito e puro.
Como o que ei de compartilhar até o fim dos tempos.
O que prevalece diante a dualidade mundana?
Cada confusão mental que abrange certa situação causal advinda do próprio equívoco consciente me transborda o cuidado com o próprio corpo e mente.
Eu suplico por um apoio onírico inexistente quase onipotente que descansa sob meus versos mais intensos.
O desespero bate os pés para a entrada forçada, mas agora só vejo luz, sinto luz, mas respiro com dificuldade num mundo inerente a dor.
Sem a dualidade das coisas, a vida se transformaria num mar de morfina e todos estariam anestesiados de qualquer incômodo?
Será que é só na vivência mundana em que a dualidade se estabelece?
É você quem escolhe o que prevalece.
Ah o amor...
A minha felicidade é me sentir livre para poder sentir o prazer de apreciar todas as etapas de todos os meus processos.
Demorou tanto, mas cada expiração e inspiração é grito de vitória por estar tão viva.
A emoção que me vem a tona é só mais uma consequência de todo meu amadurecimento dentro de um ambiente hostil.
Cada pulsar dentro de mim é uma inspiração para continuar aprendendo a viver num mundo em que nem isso é plausível.
Eu respeito cada pedaço do meu corpo, e o toque que se aproxima com amor, de um autor que tanto idolatro.
O autor possuidor de todo carinho que eu poderia espalhar sem nenhuma hesitação em sua presença.
Eu vivo dentro do amor que transborda de toda a história cármica demonstrada entre nós.
Nada poderia me fazer tão feliz.
Validação social através de uma atividade intelectual bem remunerada
Eu sou filha de japonês, e cresci ouvindo meu pai dizer o quanto minha educação era de extrema importância, principalmente para ter uma carreira bem sucedida, conseguir acumular mais e mais posses pelo mundo material. Mas isso também pelo fato de conseguir certo respeito alheio necessário para uma boa convivência. Minto, pois nesse contexto só vejo que isso se resume a se sentir mais ou menos que outras pessoas.
Pertencer ao um grupo específico na sociedade requer paciência com os comentários alienados e algumas vezes até desrespeitosos e de cunho maldoso. As caixinhas que me foram impostos durante minha vida foram pisados, amassados e jogados no lixo depois de um longo processo terapêutico.
Nada mais relacionado diretamente e unicamente à representação de troca material me atrai. Tudo que eu faço, ignoro por completo toda a questão financeira. Não porquê não faça algum sentido, até faz, para muitas pessoas isso é o que move a vida delas. Mas a partir do momento em que minhas metas são direcionadas, de forma unilateral, ao dinheiro... Toda a energia se esvazia em questão de segundos.
Finalmente posso dizer que o que me move é ser feliz, espalhar amor e paz.
Mas isso não quer dizer que não tenho consciência de questões universais, como a luta de classes e a luta dos trabalhadores, ou que ignoro ou desconsidero a importância dessas questões, de forma alguma! Eu simplesmente aprendi a canalizar minha vontade de ajudar as pessoas, a natureza, o universo com calma e uma vida pessoal organizada e leve. Sem isso, eu ainda estaria perdida, sem saber nem por onde começar.
A consciência cheia de dor faz nossos atos se estagnarem e o desespero se alastra.
01/02/2021 23:23 ceagesp
O que me guia
A consciência
continua a trazer os piores
sentimentos mundanos
Eu continuo a pensar
em como seria leve
viver sem o peso
do saber
Em contraste,
não o largo por nada.
Apesar do pesar
É o que me motiva a
existir perante tanta
dor dissimulada
encardida
e
por vezes escondida
entre tanto caos diário subliminar.
Frequentemente penso
em abandonar a luta
e me abster
de qualquer sentimento que seja.
O retrocesso do sistema humano,
da saúde em prol da revolução da sociedade
completamente manchada de sangue.
Eu perdoo cada tropeço
de quem luta contra esse sistema.
Não perpetuo o ódio por aqueles
que tanto mancham a dignidade humana
e quebram cada pedaço do meu peito,
que me fazem querer desistir todos os dias.
Pois não permito que seja esse o sentimento
que vá me guiar durante meu processo
de canalizar todo meu sofrimento
ódio, indignação
em luta.
O que me guia é a força de cada ser existente unido contra um sistema DESUMANO.
Saudade do inexistente
Do sentimento efêmero de amar
Da sensação de aconchego próximo ao precipício
Me entregar como se fosse o último dia
Como se fosse o último beijo
Como se vc existisse fora das minhas confusões orgânicas do organismo
Esse sentimento de falta de algo que nunca existiu
Ou sequer vai existir
Me cabe a reflexão de que a resposta está sempre em mim
Sou eu a pessoa capaz de conduzir
Não passo de uma mera sobrevivente nos ciclos destrutivos de um sistema que nasceu caótico
A simples ideia de existir persegue o caos
Assim como minha mente o persegue ao longo do dia
É destrutivo, mas ainda assim, o desejo é colocado em jogo como mais uma atitude imposta de forma indireta
Acostumados com o sofrimento, damos continuidade ao ciclo, quase que de forma mecânica.
A gente se desprende dos padrões repetitivos e danosos, para nunca mais voltar a estaca de manipulados.
05/01/2021 14:37 Yo-Yo Ma
Por um repentino desequilíbrio
Todos os meus esforços se tornam levianos
Diante o caos, o famigerado caos efêmero
Tão efêmero quanto um amor moderno
Tão intenso quanto meu amor por você
Tal explosão mental que me fere mais do que cortes abertos
Lambidos por um cachorro qualquer
Que me despreza na mesma proporção que o admiro
Minha vida não é mais do que qualquer uma por aí
A importância das coisas se mede em cada umbigo separado do amor materno
A importância é criada
Não inerente
Mas persistente a nós como como imposto e mal estabelecido
A visão que perdura a tantos anos não é mais do que uma influencia externa disseminada
Quando se desprende de todos os valores...
Qual é o seu valor?
Qual é o valor da vida diante tanta discrepância violenta atrás das montanhas?
Seu prazer de viver é viajar...
O prazer daquele não visto e nem mencionado é colocar a comida na mesa?
Como poderá
Como há de ter
Fútil comparação entre seres tão peculiares na essência de sua existência (?)
Há sentido em se ver só
em um mundo em que cada um pensa no próprio mundo e não o macro?
A existência, peculiaridade, a essência de existir e ser único.
O gosto amargo de viver sem pertencimento algum.
Grafite
Já deve ter feito alguns meses desde que quebrou
Ele o derrubou, nunca mais foi o mesmo
Ao longo desse tempo costumo usá-lo todos os dias
Mas a gente sabe que vai ter aquele momento
Em que você vai se sentir sem o que fazer
Pois aqui estamos, sim, chegamos a ele
Aquele pedaço quebrado e te machuca
Você nem sabe se quer tê-lo mais
Se quebrou tanto, se perdeu pelo caminho
Será que ainda há utilidade em meio a tanta ferida?
Já vi meu pai consertar tantos objetos
Com tanta criatividade e força de vontade
Ele sempre dá um jeito, menos em seu coração
Os caminhos se interligam, os erros se repetem
Gerações diferentes continuam se machucando
Percebe como tudo pode ser muito parecido?
Era só um grafite
Mas agora são lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
Escuridão que aflige
Não pertenço ao inferno
Ele está dentro de mim.
Sendo construído
Com filtros de cigarros
Esquecidos no jardim
Da solidão e angústias engolidos.
Às vezes desejo morrer
Só a vontade deveria bastar
Morrer apenas do desejo que me aflige
Quem dera fosse tão fácil
Nem desistir é fácil.
07/10/2019 16:16 praça.