Daniel Santos

Lifelong learner.

Anton Tchekhov (1860-1904) foi um dramaturgo e escritor russo que dizia que qualquer objeto apresentado ao público em uma obra de entretenimento deve ser utilizado em algum momento da trama ou descartado para não causar distrações:

Remove everything that has no relevance to the story. If you say in the first chapter that there is a rifle hanging on the wall, in the second or third chapter it absolutely must go off. If it's not going to be fired, it shouldn't be hanging there.

Em minha trilogia de filmes favorita, aliás, há um excelente exemplo de arma de Tchekhov: Na segunda parte de “De volta para o futuro”, o hoverboard fica dentro do Delorean depois de ser usado por Marty McFly para derrotar Griff Tannen. No terceiro filme, o mesmo hoverboard acaba sendo essencial não apenas para que Marty resgate Doc Brown e sua namorada Clara de um trem em alta velocidade, mas também para a construção do trem voador, baseado em sua tecnologia.

Aliás, como assisto a muitas séries e filmes e também leio bastante, tive oportunidade de encontrar muitos outros exemplos da arma de Tchekhov em ação: nem sempre é um objeto — pode também ser uma pessoa, um local, uma magia. Mas o fato é que toda vez que percebo algum elemento que pode vir a ser uma arma, já fico desconfiado e, se constato que era isso mesmo, fico bastante satisfeito.

Só que também gosto de pensar que a arma de Tchekhov se encaixa nos contextos da filosofia lean, do storytelling e da analogia do copo com água pela metade, já que para evitar distrações e desperdícios, a criação de histórias enxutas exige pensar muito bem no porquê de apresentar um elemento e em suas causas e efeitos, tanto quanto ao invés de ver o copo meio cheio ou meio vazio deve-se na realidade questionar se o copo tem o tamanho correto.

#lean #storytelling #entretenimento

Esta é sem sombra de dúvida a minha expressão baiana favorita de todos os tempos. Tenho até uma camiseta em que ela está escrita, feita sob encomenda a meu pedido.

O que ela significa?” — você pode estar se perguntando. Bem, quando tento explicar aos que me conhecem, o significado que acabam associando como mais próximo em paulistês é normalmente sai fora! ou sai pra lá!

Mas vale uma explicação mais detalhada: Lá ele é uma expressão que se usa como uma espécie de amuleto, para manter o azar a distância.

Outro dia mesmo eu conversava com minha esposa, quando ela me perguntou qual dos hospitais da cidade onde moramos eu achava melhor. Quando perguntei pra ela o motivo da pergunta, ela me disse que “queria saber porque vai que uma das crianças fica muito doente e eu tenho que levar pra um hospital às pressas”.

Imediatamente eu respondi sem pestanejar: “Lá ele!”, que foi pra não atrair esse tipo de () sorte pra gente e que, a meu ver, está mais para “Deus me livre e guarde”.

#crônicas

“Too many people overvalue what they are not and undervalue what they are.”

— Malcolm Forbes

#frases

Com menos de 15 dias de diferença, tive a oportunidade de entrar em contato com o suporte ao cliente de duas empresas de delivery por aplicativo: Rappi e Uber Eats.

Maneira de falar, claro: afinal, quem em sã consciência gostaria que seus pedidos viessem errados ou com itens faltando, não é mesmo?

Foi exatamente meu caso e exatamente nesta ordem: uma salada que eu não pedi via Rappi mas veio mesmo assim, seguida de um refrigerante 2 litros que desapareceu misteriosamente no trajeto do entregador, de bicicleta, entre a pizzaria e minha casa após meu pedido no Uber Eats.

Apesar de ser um caso que se opõe à máxima de que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, a experiência em ambos os casos foi muito positiva e o retorno com as resoluções — créditos que optei por receber em um dos casos e estorno no segundo — ocorreu em menos de 24 horas.

Há muitos e muitos anos percebo que com o ramo de alimentação normalmente é assim: você argumenta e é logo atendido, com uma solução para seu problema conseguida rapidamente. Talvez seja simplesmente pelo fato de que a comida tem custo relativamente baixo perto de outros bens e serviços, mas o fato é que eu bem que gostaria que este tipo de postura fosse mais frequente no caso de outras empresas e outros serviços...

#crônicas

O segredo de um A3 é que a história nele descrita deve ser curta — e não um romance completo como “Guerra e Paz”, do grande romancista russo Leon Tolstoi.

Escrever uma história curta leva tempo: mas são exatamente as iterações que ajudam a refinar um A3 até sua essência, tornando-o fácil de comunicar.

Há uma famosa citação de Blaise Pascal, aliás, que resume o conceito por detrás de um A3:

“Eu teria escrito uma carta mais curta, mas não tive tempo”

Invista o tempo necessário para refinar a história: use diagramas simples, tópicos e imagens — uma imagem vale mais do que mil palavras.

Finalmente, não caia na armadilha de tentar espremer tanta informação quanto possível em um A3 usando fonte de tamanho 6: torne-o fácil de ler. Menos é mais! Leva-se tempo para coletar nossos pensamentos e contar uma história: a filosofia Lean trata de reduzir desperdícios e o A3 é uma peça chave para ajudar a eliminar desperdício nos processos de gestão.


Traduzido e adaptado por mim em 17/12/2019, a partir do livro “Toyota by Toyota”, de Darril Wilburn e Samuel Obara, capítulo 12 — “Hoshin Kanri”, página 203.

#lean