#002255 – 01 de Agosto de 2025
Investigadores da University of Nottingham concluíram que em Janeiro deste ano 50% do conteúdo online tinha sido produzido por inteligência artificial. Não estamos preparados para tanta poluição semântica.
Investigadores da University of Nottingham concluíram que em Janeiro deste ano 50% do conteúdo online tinha sido produzido por inteligência artificial. Não estamos preparados para tanta poluição semântica.
Não é que um artista tenha de ser miserável para produzir arte que valha a pena. Mas é a dor que assinala o lugar onde se abriu um fosso interior que a felicidade se encarrega de preencher. Dito de outra forma, a sombra assinala os contornos da luz. Ou ainda: a gratidão germina melhor na saciedade. E as flores mais resistentes são as do deserto.
O Gerês é tão perto. Estou sempre à beira de um mergulho verde, em sanidade e floresta. Que felicidade esta coincidência geográfica e os amigos que me acompanham e desafiam em caminhadas na serra.
Graças a uma amiga querida, descobri não só o talento do Nerve como as suas Purgas e um renovado interesse em escrever poesia. A vida surpreende-me sempre, no que é novo mas também no que se reinventa.
Gosto de juntar filmes dois a dois, imaginando uma sessão dupla em que cada um informa, acrescenta, interroga o outro. Como “The Architect” e “The Kitchen”, ambos de 2023; ou o o “Frankenstein” do Del Toro e o “Poor Things” do Lanthimos. Há também, descobri recentemente, livros que apetece ler aos pares. É o caso de “O Futuro ja não é o que nunca foi”, do Francisco Louçã e de “After the Future” de Franco “Bifo” Berardi.
Os portugueses, melancólicos e trágicos, gostam da singularidade da palavra saudade. Logo nas primeiras páginas de “Assim Nasceu uma Língua”, de Fernando Venâncio, ficamos a saber da originalidade de uma outra palavra, inexistente noutras línguas europeias: luar.
Dentro de horas, Zohran Mamdani deverá tornar-se Mayor de Nova Iorque. E aqui onde escrevo estou tão atrasado em relação ao quotidiano que a data é de Julho. Mas o impulso de referir a actualidade fere-me.
Em breve vou publicar digitalmente uma edição de autor de um livro de contos que terminei em 2014. Na altura muito influenciado pelo Black Mirror, quis escrever sci-fi que pudesse acontecer no presente. Há laivos de inteligência artificial, bio-hacking e outras coisas que passados 11 anos não são de todo as mesmas. Agrada-me este mini-retrofuturismo.
Hoje estou mais novo que ontem. Menos mortal, mais disponível para continuar a viver.
Volto a usar o Tinder e surge-me um tipo de anúncios no Instagram que nunca tinha visto: aplicações, serviços, plataformas (e algumas fraudes também, imagino) a prometer colocar ao meu dispor assistentes de inteligência artificial para a minha comunicação com mulheres. É isto estar online: ser insultado pelo marketing, que nos dá soluções para problemas que até então desconhecíamos. Às interações humanas querem juntar, vendendo, a lógica da produtividade, do hack, da eficiência, da competição. Conhecer pessoas novas é, deve ser, quero que seja, absolutamente analógico, imperfeito, humano.