#002210 – 17 de Junho de 2025
Felicidade: ter tempo para estar com as pessoas que amo, envolver-me em actividades que me desafiam, rir, aprender. E saúde mental e física, o mais possível. O resto, virá ou não por acréscimo.
Felicidade: ter tempo para estar com as pessoas que amo, envolver-me em actividades que me desafiam, rir, aprender. E saúde mental e física, o mais possível. O resto, virá ou não por acréscimo.
O brinde de Hob Gadling, ao seu amigo Dream, of the Endless: “To absent friends, lost loves, old gods, and the season of mists; and may each and every one of us always give the devil his due.”
Demorei uns 10 anos a aceitar que me tinha tornado ateu. Estou agora já há uns anos a tentar reconciliar-me com estar a tornar-me pessimista. Vou-me agarrando a alternativas como a esperança sem optimismo, como propõe Srećko Horvat. Sinto-me órfão do futuro e ainda hesito em pensar para lá do futuro, como Franco Berardi.
E, no entanto, sei que é a nostalgia a pintar de dourado o passado.
Os acontecimentos no mundo têm tido muito mais aceleração do que o meu impulso de aqui escrever.
Não ao nacionalismo e ao ódio. Não ao revisionismo histórico e aos mitos patrioteiros. Não ao racismo, ao racialismo, não à própria ideia de raça. Não às divisões e à violência, não, sempre não, à violência política, ao medo e outras armas. Sim à liberdade, ao respeito mútuo, sim a Portugal, esse artefacto histórico, assente numa geografia e numa amálgama cultural, essa ficção em que cremos porque temos uma língua comum.
Jeffrey Sacks a dirigir-se ao Parlamento Europeu. O longo prazo, diz-nos, a nós europeus, poderá ser próspero, desde que asseguremos a paz. Diplomacia, em vez de corrida às armas, política externa europeia comum, em vez de vassalagem aos EUA. E mesmo, diz-nos ele que é americano, a extinção da NATO.
É bizarro ver a pergunta “Quais são os limites do humor?” repetida até à exaustão pela imprensa no caso em que os Anjos arrastaram a Joana Marques até ao tribunal. A pergunta não tem capacidade de gerar boas conversas. Mas ainda que tentemos responder, havendo limite para o humor, de certeza que estará muito longe do acto específico pelo qual a Joana Marques está a ser julgada. Não há nada de insultuoso, de inconstitucional, nenhum apelo à violência, nada que nos faça pensar que a humorista pisou algum risco ético ou legal. Há apenas um vídeo com uma legenda, bastante modesta na sua ironia. A ideia de que se pode imputar os danos para a carreira destes músicos e o assédio moral que terão sofrido online àquele vídeo é imoral. Havendo uma indescritível loucura jurídica que dê razão aos Anjos, o que poderá impedir a seguir um político de levar a tribunal qualquer crítica ou sarcasmo, se a barra para o que intoleramos é tão baixa?