#001756 – 26 de Junho de 2024
O longboard é estável e um prazer de rodar. Quase não vira, comparado com o surfskate. O seu charme é precisamente a rigidez, e bem-vinda.
O longboard é estável e um prazer de rodar. Quase não vira, comparado com o surfskate. O seu charme é precisamente a rigidez, e bem-vinda.
Assange saiu hoje em liberdade, depois de anos do feio, indesculpável silêncio de quase toda a imprensa. Sabemos que o poder quer calar quem revela o seu avesso. Mas ficámos a saber que os meios de comunicação têm muito pouca coragem, muito menos integridade. E já deveríamos saber: se agora nos calarmos porque não era a nós que vieram prender, quem sabe um dia nos calha a nós.
O novo álbum dos Sumac é uma obra prima, soturna, lenta, pesadíssima, de uma beleza inesgotável e assustadora. “The Healer” traz luz embebida em toda a sua monumental sombra.
Família e sardinhas. Balões de São João com janela horária regulamentada, noite de verão curta, para dia tão longo e quente.
De Recarei desço o Sousa, rio de margens quase tropicais, sempre à sombra das enormes arvores a que dá de beber. Mesmo antes de chegar à foz, detenho-me na Antiga Central de Captação de Água da Foz do Sousa. Tiro fotos, filmo, sobretudo sintonizo-me com o estrondo da água. Sigo depois com o Douro à minha esquerda. Em Gramido entro na ciclovia e conheço o senhor António, que começou a treinar remadores em 1972 e chegou a fazê-lo mesmo durante as cheias. Foi ele que formou alguns dos que se tornaram eles próprios dos primeiros treinadores de remo em Portugal. Subo o rio Tinto, até um almoço com os meus pais. A vida, os pedais, o bom tempo abrem-me o apetite.
Noto que não me aflige a possibilidade de não gostarem de mim ou de não me aceitarem. Talvez porque sempre senti e sinto ainda que sou amado. Mas tenho uma preocupação paranóica com a hipótese de não acreditarem em mim e um medo patológico de que não me compreendam.
See, a série da Apple, é para Ensaio sobre a Cegueira o que Always Coming Home é para The Road. A humanidade, depois da calamidade, que encontra outra, outras formas de ser civilização.
Finalmente entro na obra de Stanisław Lem. Ser leitor é chegar sempre atrasado aos lugares que se devia habitar já há muito tempo. O tempo, esse, é gasto a ir sabendo desses lugares onde queremos estar.
Talvez porque a bipolaridade já me deu bastante cor mental, episódios suficientemente exóticos, tenho pouca paciência para o excesso expressivo, o discurso alucinado, gestos ou atitudes maníacas. Estou a ler o muito bem escrito The Futurological Congress, do Lem, e estou exausto, sem ter sequer chegado a metade.