#001706 – 07 de Maio de 2024
Escritor que não escreve. Gordo que anda de skate. Adolescente envelhecido. Viajante de bicicleta. Bipolar estável. Provavelmente autista. Pessoa que gosta de dar títulos, de descrever coisas. De errar.
Escritor que não escreve. Gordo que anda de skate. Adolescente envelhecido. Viajante de bicicleta. Bipolar estável. Provavelmente autista. Pessoa que gosta de dar títulos, de descrever coisas. De errar.
Começo a sentir-me mais à vontade no surfskate. Apercebo-me de que estou mesmo a começar. Tudo o que vem a seguir me apetece.
Bicicleta na revisão, virá tubeless, pronta para as viagens em breve pelo Minho, pela Galiza, e pela costa.
Motivação é o nome da substância inefável que existe em abundância no sítio onde quero chegar, mas é escassa aqui, de onde parto. Por outras palavras: depois de magro, apetece mexer e continuar a ser saudável. Mas agora, gordo, o impulso é destrutivo, comer ainda mais, ainda pior, mexer-me menos.
Leio o “Who's Afraid of Gender”. Judith Buttler mostra como ultraconservadores se têm organizado de forma a influenciar leis e cultura. Infelizmente, têm tido alguns sucessos e a onda de extrema direita populista é uma aliada natural. Direitos reprodutivos e direitos de pessoas LGBTQIA+ estão a ser atacados internacionalmente. Vão ser, já estão a ser, tempos difíceis. Mas chegar aqui também foi. Não nos vamos deixar intimidar pelos que perseguem a liberdade e a dignidade humanas.
O Pacheco Pereira lembra que os direitos dos trabalhadores tiveram de ser conquistados, não foram oferecidos. É isto a social democracia, estranhamente tão rara no partido português que a exibe no nome.
Sem que me tivesse apercebido, passaram-se anos sem escutar um dos meus álbuns favoritos. Como a um tesouro muito raro, regresso a “Balads”, do Derek Bailey. Nenhuma outra obra foi tão influente na forma como penso a guitarra.
Assisto à série documental sobre Garrett McNamara e a sua ligação à Nazaré. É arrepiante ver aqueles momentos, depois de lá ter estado no farol, de sentir a água na cara, quando uma onda gigante rebentava.
Há quem sinta conforto na existência de Deus. Na ideia de que todo o sofrimento, toda a violência que assolam a humanidade fazem parte de um desígnio maior. Esta ideia horroriza-me. Antes me reconforta pensar que isto não tem nenhum propósito, nem advém de nenhum plano.