view#001689 – 20 de Abril de 2024
O berimbau nos instantes iniciais de Atitude, o groove metal com sabor a Amazônia dos Sepultura, a voz visceral e crua do Max Cavalera, ainda longe do growl profissional do metal extremo moderno. Roots Bloddy Roots envelheceu bem. Quase 30 anos depois ainda é incrivelmente dançável, moshável, intensamente eficaz.
view#001688 – 19 de Abril de 2024
A sopa da minha mãe: abóbora manteiga, nabo bola de neve, amor comestível.
view#001687 – 18 de Abril de 2024
Leio ensaios com facilidade. Basta que o tema me interesse. E, custa-me que isto se torne mais e mais frequente, cada vez menos leio ficção que me surpreenda e entusiasme. Custa-me muito acabar alguns livros, como recentemente me aconteceu com The Buried Giant, do Ishiguro. Há bastante tempo que não descubro uma Ursula K. Le Guin, ou um China Miéville. Ou um pelo menos único livro ou trilogia, de um autor, como os três incríveis livros de The Broken Earth, da N. K. Jemisin. É verdade que há pouco tempo li uma BD fabulosa: “Soon” de Thomas Cadène e Adam Benjamin. Talvez tenha sido há mais de um ano que li as histórias que mais me maravilharam. Os dois livros da The Greenhollow Duology, da Emily Tesh. O merecidamente premiado Piranesi, da Susanna Clarke. E a novela de Naomi Salman, Nothing but the Rain. Se continuar a escrever, às tantas surgem mais títulos. É possível que isto seja passageiro, coisa que me tem acontecido nos últimos meses, sem grandes consequências ou lições a ensinar-me. E que um dos meus próximos livros de ficção favoritos esteja ao virar da esquina.
view#001686 – 17 de Abril de 2024
Aulas de surfskate em breve. Estou feliz.
view#001685 – 16 de Abril de 2024
Os universos de Neil Gaiman têm algo de mito, mesmo na sua mistura de cultura pop e histórias antigas, há personagens, eventos, alegorias de imenso poder simbólico. Por exemplo, a aposta entre Dream e Death, dois irmãos que fazem uma aposta, ao escutar um homem dizer que não quer morrer nunca. O paralelo entre a conversa entre Deus e o Diabo, no livro de Job, é evidente. O Diabo diz a Deus que Job só o ama porque a vida lhe corre mal, que a perda e o sofrimento o fariam virar costas a Deus. Já a aposta que Dream faz é que alguém a quem fosse dada a eternidade, iria suplicar que o matassem ao fim de algum tempo. Num caso e noutro, o provocador é surpreendido pela tenacidade humana. Mas a resiliência humana na história de Gaiman é de sinal contrário à do livro de Job. Este, quanto mais sofre mais se aproxima de Deus. O humano a quem é dada a vida eterna (Hob Gadling), quanto mais vive mais se afasta da Morte, menos a considera aceitável. Job quer Deus (porque a vida é terrível), Hob quer a vida (e rejeita a morte) porque cada vez gosta mais de viver.
view#001684 – 15 de Abril de 2024
É tão estranho que até cientistas de renome, ao falar sobre o livro arbítrio, confundam o determinismo com a predestinação. Às tantas falam sobre as coisas estarem “pre-determinadas” o que não tem nada a ver com a estrutura causa-efeito defendida pelo determinismo. O determinismo faz com que, olhando para trás, se veja tudo à luz da cadeia de relações entre causas e efeitos. Mas não nos permite olhar para o futuro com a ideia de que as coisas já estão decididas. Numa conversa com dois físicos conhecidos, às tantas um deles pergunta ao outro e se um extraterrestre com tecnologia muito avançada viesse até ti, com o conhecimento de tudo o que, segundo as leis de causa e efeito, iria acontecer na tua vida? Irias querer na mesma viver? Valeria a pena, uma vez que já saberias o que iria acontecer? E não se aperceberam que a forma como a questão foi colocada ignorou a própria ideia de causa e efeito. Obviamente, há que dizer, sabermos o que “iria acontecer” é uma em si mesmo uma causa com os seus efeitos. Não é possível ao mesmo tempo viver constrangido pelas leis determinísticas e fora delas.
view#001683 – 14 de Abril de 2024
Não abdico de escrever, nem de pensar.
view#001682 – 13 de Abril de 2024
Vou notando duas coisas, que talvez não sejam incompatíveis: que o tempo é pouco, a vida muito mais curta que imaginava; e que importa desacelerar, só assim posso saborear o tempo que aqui tenho.
view#001681 – 12 de Abril de 2024
Este ano quero fazer-me à estrada sem ter tudo planeado. O essencial na bicicleta, e uma direção, sul. Olhos abertos e coração tranquilo.
view#001680 – 11 de Abril de 2024
É muito diferente, imagino, este mundo em que nasci e cresci, em que o entretenimento faz parte da rotina diária, do mundo que ainda está muito presente na arte, no nosso imaginário. Ainda pensamos, na ficção sobretudo, nas nossas vidas sem incluir a presença avassaladora das plataformas digitais. Mas o mundo, o nosso dia-a-dia já não é feito de tempo a mais, tédio, falta de estímulos. Nunca saberei o que é escrever, fazer música, como há 100 anos atrás – e mais – em que as distrações maiores seriam as dificuldades, fome, política, e outras circunstâncias, e não as tentações desta indústria da atenção, Netflix, Instagram e outras formas de ficar a olhar para ecrãs.