Kroeber

#001682 – 13 de Abril de 2024

Vou notando duas coisas, que talvez não sejam incompatíveis: que o tempo é pouco, a vida muito mais curta que imaginava; e que importa desacelerar, só assim posso saborear o tempo que aqui tenho.

#001681 – 12 de Abril de 2024

Este ano quero fazer-me à estrada sem ter tudo planeado. O essencial na bicicleta, e uma direção, sul. Olhos abertos e coração tranquilo.

#001680 – 11 de Abril de 2024

É muito diferente, imagino, este mundo em que nasci e cresci, em que o entretenimento faz parte da rotina diária, do mundo que ainda está muito presente na arte, no nosso imaginário. Ainda pensamos, na ficção sobretudo, nas nossas vidas sem incluir a presença avassaladora das plataformas digitais. Mas o mundo, o nosso dia-a-dia já não é feito de tempo a mais, tédio, falta de estímulos. Nunca saberei o que é escrever, fazer música, como há 100 anos atrás – e mais – em que as distrações maiores seriam as dificuldades, fome, política, e outras circunstâncias, e não as tentações desta indústria da atenção, Netflix, Instagram e outras formas de ficar a olhar para ecrãs.

#001679 – 10 de Abril de 2024

Não gosto de ser (de estar) gordo. Pior do que tudo seria obrigarem-me a aceitar-me assim. Em relação a outros problemas, este tem larga vantagem: a da plasticidade. Posso (vou) fazer o possível para emagrecer.

#001678 – 09 de Abril de 2024

Demorei muito a saber do que gosto. Ainda aprendo o que funciona. E procuro paciência para aquilo em que falho. Isto é um pouco cruel, quando percebo o que queria ter sido, ter feito, por onde falhar, ao crescer, já sou velho. Se me perguntarem, olhando para o que foi a minha vida, se mudaria alguma coisa, a resposta é fácil: sim, mudaria-me a mim, aos meus interesses, aos meus hábitos, ao meu comportamento.

#001677 – 08 de Abril de 2024

Vejo pouco futebol. Mas cada vez vejo mais surf. Sou, para o surf, como aqueles fãs da bola que vêm até os jogos da segunda divisão. Tenho assistido à Challenger Series com olhos esbugalhados, feliz.

#001676 – 07 de Abril de 2024

“Frontera Verde” é excelente. Tem a mão de Ciro Guerra, o seu talento em iluminar-nos com a espiritualidade dos povos da amazónia.

#001675 – 06 de Abril de 2024

É mais difícil sentir compaixão por mim. Estou em desvantagem em relação ao resto da humanidade, desculpo-me muito pouco. Não posso dizer, de mim próprio, que não me posso mudar, que não sei o que sinto, que sou uma pessoa com uma vida interior e motivações independentes de mim. Espero de mais, exaspero-me muito, desespero bastante.

#001674 – 05 de Abril de 2024

Não posso viajar no tempo, a não ser através da imaginação. Ultimamente, fico a pensar no que seria ter escutado a música dos The For Carnation há 25 anos atrás. Ter começado a viajar de bicicleta na adolescência, ter descoberto o skate e o surf na pré-adolescência. É inevitável esta melancolia sobre o passado que não aconteceu. A sua origem é benigna: estou sempre a reinventar-me, a descobrir novas paixões, coisas que não sabia serem tão importantes para mim. Demoro a lá chegar, o futuro trará ainda mais actividades e predileções que gostaria de ter descoberto cedo. Mas, porque nunca é tarde demais, é sempre tarde. É sempre tarde, só não é tarde demais.

#001673 – 04 de Abril de 2024

É tão estranho para mim o contacto com a teologia cristã. Reconheço os conceitos, ainda sei muita coisa de cor. Mas não consigo perceber como acreditei tanto, tão intensamente, tanto tempo naquilo. A pessoa que fui é como um conhecido, alguém com quem lidei de passagem mas a cujos pensamentos e mundo interior não consigo aceder.