Anos sem cuidar de mim, a fazer da solidão uma muleta, uma desculpa cada vez mais esfarrapada.
Profissionalmente, as coisas avançam, pessoalmente já não pioram.
Piscina, horas a caminhar, máquina de remar, libido incendiada, mundo emocional que se reconstrói.
Hoje enfrentei uma verdade incómoda. Ainda a quero negar, adaptar até que me convenha, distorcê-la à medida do que prefiro.
Primeira edição do Banana Bong Fest. Stones of Babylon a abrir a noite. Imaginário semelhante aos Sleep, terra santa e canabinóides. O som a sugerir uma espiritualidade soturna, como Dark Budha Rising. A seguir os virtuosos Madmess, com o seu heavy psych muito conhecer dos anos 70 mas também do heavy metal. E os Krypto, do inimitável Gon, invadiram o palco a seguir para desestabilizar tudo: se lá fora chovia, dentro havia uma tempestade. Baixo, bateria e voz. Uma simplicidade que já nos Plus Ultra (guitarra, bateria e voz) era enganadora. A energia desta banda é incrível. Noite de rock, nem sempre stoner, com atmosferas diferentes e intensidade crescente.
Viagens no tempo, romance retomado. Caminhadas à chuva, piscinas a bruços. Osteopata, psicóloga, urologista. Tanta manutenção para um único mortal coil. Não é ainda carinho muito menos amor. Mas é já algum cuidado, esta atenção que me dedico. Ou mesmo estima. Auto-estima.