Kroeber

#001502 – 16 de Outubro de 2023

Parabéns Kikas. Benvindo de volta à tour.

#001501 – 15 de Outubro de 2023

Voltam os quilómetros de bicicleta e as páginas do romance.

#001500 – 14 de Outubro de 2023

Suplício gostava de chorar em locais bonitos. Em alturas bonitas. Em alto mar, durante uma superlua. Em Okinawa durante a sakura. No Nepal, durante o Holi. Na foz do rio Trovela, ao amanhecer, depois de uma descida de muitas horas. Em lugares recônditos no Amazonas, na Patagónia. Em Istmos na Noruega ou na Grécia, durante a noite. Em lugares sem motores, como Hidra. Caminhava muitas horas, sozinho, ou fazia longas viagens de barco, de burro, ou de bicicleta. Chorava convulsivamente, ranhoso e salgado. E regressava. É fácil dizer que o importante era a viagem, não o destino. Mas não havia destino, nem objectivo, apenas emoção crua. Um dia, deixou de chorar. Continuou a viajar, e dentro tinha muito mais espaço, quase tanto como o do mundo em volta. Sentir passara a ser uma forma de ligação com o que existe, não um luto. Mudou até de nome, sem se aperceber. Chamava-se agora Rio.

#001499 – 13 de Outubro de 2023

A chuva afasta as pessoas da margem do rio. As aves marinhas regressam ou partem ou pousam na água. O suor escorre. Um arco íris preenche o canto acima das árvores. Peguei na bicicleta e fui beber algum silêncio.

#001498 – 12 de Outubro de 2023

Chego ao litoral e há umas duas, três pessoas encostadas ao pôr-do-sol. Em silêncio, quase não se dá por elas, nem por mim. Cada um no seu canto, num mesmo abraço sonoro, líquido. O mar é uma imensidão em que cabemos todos.

#001497 – 11 de Outubro de 2023

Sense8 é desavergonhadamente sentimental. Há lágrimas frequentemente, mãos dadas, altos e baixo de esperança e glória, romantismo e sensualidade, discursos emocionados e complexidade interior. E toda a exuberância da vulnerabilidade tem um fundo de violência e perseguição. As personagens revelam-se perante as adversidade, o mal, não endurecem apenas, sangram e cicatrizam. Há um fulgor expressivo, intencional. A linha do razoável é às vezes ultrapassada, até redesenhada. Mas há algo de genuíno na performatividade emocional das personagens. Há uma afinidade com o humano.

#001496 – 10 de Outubro de 2023

A osteopata cura-me o ombro. Um certo sossego cura-me dentro. Inclino-me de novo para o futuro, balanceado para o que acontecer.

#001495 – 09 de Outubro de 2023

A intimidade é uma linguagem, não é uma distância.

#001494 – 08 de Outubro de 2023

Experimento o skate. Entusiasmo o corpo com movimento novo.

#001493 – 07 de Outubro de 2023

Os meus sobrinhos são criaturas luminosas, futuro de abraçar.