Vejo o Douro e o mar entardecerem, numa longa caminhada de várias horas. A lentidão dos passos permite viajar, até interiormente.
Ainda cheio de desconfiança e cautela, acho que começo a gostar de mim.
Começo os dias com duches frios. Fico desperto e calmo. Durmo bem.
Tentar que isto dure, esta vontade de viver. Sem carimbar o fôlego de patológico, a energia de perigosa. Ser bipolar habituou-me a desconfiar da alegria, da motivação.
O amor é esse espaço que fica quando removo os constrangimentos com que me relaciono com outra pessoa. Acontece quando já não a tento manipular, mudar, persuadir, controlar. Quando abdico de hábitos, preconceitos e fórmulas na relação. Quando deixo de depender da pessoa ou de querer que ela dependa de mim. Amar é permitir que a outra pessoa seja quem é, aceitar que a sua felicidade não depende das minhas regras, limitações ou valores, e ser cúmplice do seu bem estar.
Tenho menos tempo e mais energia. Já não me esforço em distrair-me do vazio. Que surpresa, a afinidade que ser feliz tem com estar ocupado.
Emagreço. O peso que perco não é só gordura, não é só corporal.
Confiar demasiado na minha maturidade é pior do que ser imaturo. Na verdade, ainda não aprendi assim tanto com a vida.