Não sigo a minha vida. É a vida que me vai seguindo, que se torna minha.
Gosto do Inverno, ultimamente. Dito de outra forma: o Inverno já não me faz desgostar de mim.
Vou deixando de seguir os vincos do passado. A memória está cheia de sulcos, por onde percorro a vida: um mapa do habitualmente. Começo a olhar em volta, a ter consciência dos passos, do peso das pernas, da cor do céu.
Anos sem cuidar de mim, a fazer da solidão uma muleta, uma desculpa cada vez mais esfarrapada.
Profissionalmente, as coisas avançam, pessoalmente já não pioram.
Piscina, horas a caminhar, máquina de remar, libido incendiada, mundo emocional que se reconstrói.