Kroeber

#001377 – 12 de Junho de 2023

King Gizzard & The Lizard Wizard, flores de curgete, requeijão.

#001376 – 11 de Junho de 2023

Surf em El Salvador, domingo de preguiça, ukulele baixo.

#001375 – 10 de Junho de 2023

Espero os alforges da forqueta. Em breve a bicicleta terá capacidade para viagens de várias semanas a fio. Quero pedalar 871 kms até Sagres.

#001374 – 09 de Junho de 2023

Desde criança que não gosto de câmaras. Assim que uma objetiva me é apontada, desaparece o meu sorriso. Primeiro foi porque tinha vergonha dos meus dentes. Mas mesmo dentro de algum tempo, quando o aparelho corrigir o que em criança me envergonhava, não acredito que as coisas mudem. Não gosto de me ver em fotos ou vídeos. Há, na verdade, muito poucas fotos minhas. Em 47 anos, não sei se recolhi 47 fotos. Não me fazem falta. Para mim o gesto de fotografar é o de apontar a câmara em frente, não o de apontar o telemovel a mim mesmo. Recomeço, gosto muito de câmaras. Gosto de fotos. Principalmente aquelas em que não há vestígio das minhas trombas.

#001373 – 08 de Junho de 2023

Hoje houve mais um ataque, de um homem, a pessoas inocentes, incluindo crianças. Talvez terrorista, talvez louco. Mas é um homem. A violência extrema, seja dentro de portas, contra pessoas próximas, seja fora de portas, contra desconhecidos, seja em escolas e outros espaços públicos, contra pares, é muito mais comum vinda a partir de homens. Não faço ideia do que isto significa, mas é impossível ignorá-lo. Se houvesse forma de educar melhor os homens, de evitar tão exageradas expectativas de expressão masculina, em que a violência é ingrediente, talvez isso tivesse um impacto positivo. Não faço ideia. Sinto-me cansado de mim. Não tenho, hoje, paciência para as minhas insuficiências e limitações. E as notícias que me entram em casa pelo ecrã são desoladoras. Tenho vergonha do meu género, da minha cultura, deste mundo. A única solução é criar laços com pessoas de boa fé, recusar a violência, não desistir. Não há outra forma, há já demasiadas coisas a correr mal, resta-nos a mais frágil das utopias, o amor.

#001372 – 07 de Junho de 2023

Nova viagem a pedalar durante 5 dias, em breve. Bicicleta a afinar e limpar, no mecânico.

#001371 – 06 de Junho de 2023

Surpreendi-me. Uma faixa para bicicletas, do tamanho de uma faixa de automóveis, segue da Arca d'Água até à Avenida da Boavista, quase ininterruptamente. Mostra que e possível fazer no Porto aquilo que só esperaríamos de países como a Holanda ou a Dinamarca.

#001370 – 05 de Junho de 2023

Na ficção científica passada no futuro distante, há algo que está geralmente ausente. Ninguém lê ou escreve ficção científica.

#001369 – 04 de Junho de 2023

Para Denis Noble, o neo-darwinismo é uma forma de dualismo.

#001368 – 03 de Junho de 2023

Pedalo rio tinto abaixo. Pelo Douro sigo até à Foz. A esta hora há muitos ciclistas. Ainda não são nove da manhã e a seguir à Alfândega há quem esteja a sair ou a entrar de uma afterparty. O rio faz-me lembrar a Ria de Aveiro. A maré baixa expõe o lodo, o cheiro do mar começa antes da foz. Há um pescador de calças arregaçadas dentro de água, a tratar do barco. Ainda não há multidões. No molhe norte, junto ao farolim da barra do Douro, há os que buscam uma foto ou tentam apanhar um peixe. Sai um veleiro em direção ao mar. Vou comer açaí. Quero mais manhãs assim.