imbu

(Texto incompleto de 21 de setembro de 2019. Resumão da ideia aqui: não questionar valores reacionários com medo de afastar a classe trabalhadora 1) valida esses valores reacionários 2) e a classe trabalhadora não é uma só)


É comum eu ouvir de pessoas de esquerda uma preocupação enorme em não ofender os costumes das pessoas trabalhadoras, pois é necessário se aproximar delas para difundir ideias de esquerda, constantemente rechaçadas pela estrutura do capital. Afinal, rejeitar e ofender abertamente a mesma população que você alega querer emancipar das garras do capital é, de fato, um contrassenso.

Mas existe uma confusão nessa linha de raciocínio entre o que é ofender e o que é provocar; entre fazer escárnio por raiva de “toda essa gente ignorante que não entende que está sendo manipulada” e mostrar fatos que incomodam por atacar valores morais fundamentais.

Vamos começar por um exemplo simples: as igrejas neopentecostais, como a Universal, que seguem a doutrina da teologia da prosperidade. Igrejas como essas não só se aproveitam financeiramente de gente desesperada (que é a maior crítica feita a esse tipo de igreja), como também usam a religiosidade do brasileiro e o conservadorismo para tomar o poder no país. A gente tá vendo essas igrejas misturadas com o poder institucional hoje, mas o projeto que culminou nisso não começou nem hoje, nem nessa década.

A esquerda que só sabe falar pisando em ovos falaria que não devemos tocar nesse assunto ao nos direcionarmos para a população evangélica (que é, em grande parte, de baixa renda e da periferia), pois a igreja, além de simplesmente uma religião, é a rede de suporte e o convívio social dessas pessoas. Esse argumento é uma crítica ligeiramente velada à esquerda elitista que, por exemplo, espumou de ódio dos “crentes ignorantes” quando Freixo perdeu as eleições no Rio de janeiro — inclusive nas regiões mais periféricas e pobres.

O erro óbvio de quem

(Texto incompleto de 20 de maio de 2019. Não tô a fim de desenvolver, mas achei o exemplo interessante)

...

Vamos olhar, como exemplo, para a questão da homossexualidade. Conservadores estão o tempo inteiro lutando contra a aceitação da homossexualidade sob o argumento de que relacionamentos homossexuais são imorais e que a única forma legítima de relacionamento amoroso é o heterossexual entre homem e mulher. Partindo desse ponto de vista, eles se opõem visceralmente contra qualquer representação de homossexuais ou da homossexualidade como algo positivo ou mesmo neutro, por medo de isso influenciar crianças a aceitarem a homossexualidade ou até mesmo se tornarem homossexuais; também procuram sempre advogar em favor de terapias de conversão (a tal “cura gay”) para livrar seus filhos da chaga da homossexualidade.

Um contraargumento comum por parte de progressistas é a inviabilidade desse tipo de conversão: a orientação sexual é comprovadamente inata e imutável, ou seja, é algo que é definido desde nascença e que não pode ser alterado. Assim, é fútil se preocupar com a representação positiva de homossexuais na mídia, já que ver a homossexualidade de maneira positiva não faz ninguém passar a ser homossexual; da mesma forma, terapias de conversão não só não funcionam, como também comprovadamente causam danos graves à saúde mental de quem tem que se sujeitar a elas.

O problema é que esses são argumentos especificamente contra a discriminação a homossexuais na mídia e contra as terapias de conversão e ignoram completamente a premissa que motiva a discriminação e as terapias: a ideia de que a homossexualidade é imoral. Você pode dizer que não é possível fazer alguém deixar de ser gay e se tornar hétero, mas e se fosse possível? Então a cura gay não teria problema? Seria aceitável deixar que psiquiatras oferecessem a cura gay? Ou até mesmo seria imperativo buscar a cura assim que você se percebesse gay? E se sexualidade fosse uma escolha, seria errado escolher ser gay?

Ao não refutar a alegação de imoralidade da homossexualidade, você efetivamente corrobora essa alegação.

A escolha desses argumentos é compreensível porque eles são muito mais dificilmente refutáveis:

(Texto incompleto de 29 de agosto de 2018. Publicando porque pelo menos é parcialmente útil)


Recentemente, eu tive a ideia de rodar um bot RSS no meu celular antigo, já que esse tipo de bot é bastante leve e seria muito exagero deixar meu PC de mesa ligado o tempo inteiro por causa de um bot que checa um feed RSS uma vez por hora.

Depois de brigar um bocado, procurando soluções pra cima e pra baixo, achei uma solução simples e que roda em qualquer celular Android—-sem root nem nada.

Segue um guia rápido de como fazer o mesmo no seu celular.

O que você precisa saber

Você não precisa saber programar pra conseguir fazer o que eu descrevo aqui, mas saber pelo menos o básico de como usar a linha de comando do Linux é muito importante. Quase tudo sera feito na linha de comando.

Obviamente, conhecimentos em administrar sistemas Linux vai ajudar bastante, também.

Qual é a ideia

A ideia é, usando um programa chamado feed2toot, checar periodicamente por atualizações em um feed RSS. Vamos configurar o sistema pra executar essa checagem periodicamente no celular.

O que instalar no Android

Vejamos o que temos que instalar para conseguir fazer o bot funcionar.

Termux

O Termux é um ambiente Linux para Android que não requer root e te permite instalar programas Linux usando o terminal. Você pode instalar Git, Python, Ruby, etc., e usar como se estivesse num PC normal. É ele que vai nos permitir usar as ferramentas necessárias para se rodar um bot, então ele é absolutamente necessário.

Ele está disponível na Google Play e no F-Droid.

Hacker's Keyboard

O teclado padrão do Android não tem várias teclas que são úteis pra se usar um terminal (Ctrl, Alt, Tab, Esc, etc.), então eu recomendo que você use um teclado que tenha essas teclas para a experiência de usar o terminal no celular não fique ainda mais dolorosa. Minha recomendação é o Hacker's Keyboard que tá tanto na Google Play quanto no F-Droid.

Obviamente não é obrigatório (ainda é possível usar o terminal com o teclado normal do Android), mas é altamente recomendável.

Acessando o celular por SSH

O Secure Shell ou SSH é um protocolo de comunicação seguro que permite que você use um computador remotamente. No caso, o computador a ser usado é o celular. Eu recomendo muito configurar o SSH antes de tudo porque configurar o bot apenas usando a telinha e o teclado do celular, apesar de ser possível, vai ser muito incômodo. É mais fácil conectar por SSH e usar o celular a partir do computador.

No Linux, a maioria das distribuições já vem com o comando ssh instalado e é isso que vamos usar. No Windows, será necessário instalar um cliente SSH. Pode ser qualquer um, mas o mais comum a ser usado é o PuTTY. Eu pessoalmente nunca usei SSH no Windows, então vou passar as instruções de configuração apenas para Linux — o que não tem muito problema, porque as instruções devem ser similares no PuTTY.

Ativando o servidor SSH no celular

Para acessar o celular, você primeiro precisa ativar o servidor ssh nele. Pra isso, abra o Termux e execute o seguinte comando:

sshd

Pronto! O servidor SSH já está configurado. Importante frizar que o Termux deve continuar executando para que o servidor SSH se mantenha vivo. Caso você encerre a sessão, o servidor morre e você não vai mais conseguir acessar o celular.

Descobrindo o endereço IP do celular em sua rede

O próximo passo é descobrir qual é o endereço IP do celular em sua rede local. Existem algumas maneiras de fazer isso no Android, mas a maneira mais fácil de fazer isso a partir do terminal é usando ifconfig ou ip a. A vantagem é que basta literalmente digitar um desses comandos no Termux pra ele te dar todas as informações de rede que você precisa:

ifconfig

A desvantagem é que pode não ser tão fácil de decifrar a saída desse comando:

`dummy0 Link encap:UNSPEC HWaddr 00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00
UP BROADCAST RUNNING NOARP MTU:1500 Metric:1 RX packets:0 errors:0 dropped:0 overruns:0 frame:0 TX packets:3 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0 collisions:0 txqueuelen:0 RX bytes:0 (0.0 B) TX bytes:210 (210.0 B)

lo Link encap:UNSPEC HWaddr 00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00
inet addr:127.0.0.1 Mask:255.0.0.0 UP LOOPBACK RUNNING MTU:16436 Metric:1 RX packets:964 errors:0 dropped:0 overruns:0 frame:0 TX packets:964 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0 collisions:0 txqueuelen:0 RX bytes:73584 (71.8 KiB) TX bytes:73584 (71.8 KiB)

p2p0 Link encap:UNSPEC HWaddr 00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00
UP BROADCAST MULTICAST MTU:1500 Metric:1 RX packets:0 errors:0 dropped:0 overruns:0 frame:0 TX packets:0 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0 collisions:0 txqueuelen:1000 RX bytes:0 (0.0 B) TX bytes:0 (0.0 B)

wlan0 Link encap:UNSPEC HWaddr 00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00-00
inet addr:192.168.15.3 Bcast:192.168.15.255 Mask:255.255.255.0 UP BROADCAST RUNNING MULTICAST MTU:1500 Metric:1 RX packets:313365 errors:0 dropped:1 overruns:0 frame:0 TX packets:154157 errors:0 dropped:0 overruns:0 carrier:0 collisions:0 txqueuelen:1000 RX bytes:278545208 (265.6 MiB) TX bytes:16271517 (15.5 MiB)`

Geralmente, tem algumas maneiras de descobrir qual dessas é a sua conexão:

  • Procure a conexão que tem inet addr em algum lugar (e que não é 127.0.0.1)
  • Procure um endereço com wlan alguma coisa, caso você esteja conectado pela WiFi
  • Procure o endereço que tem uma quantidade de dados recebidos e enviados (que é a última linha de cada entrada). Veja que, no caso da wlan0 acima, já foram recebidos por volta de 265 MB e por volta de 15 MB foram enviados.

No nosso caso, o nome da interface de rede é wlan0 e o endereço IP é 192.168.15.3.

Copiando sua chave pública para o celular

O terminal do Termux não precisa de usuário e senha, então não dá pra você logar por SSH usando sua senha de usuário. Para acessar o seu celular seguramente, você tem que fazer uma autenticação por chave pública.

Autenticação por chave pública

(Se você já sabe o que uma chave SSH e já tem sua chave pública, pode pular essa parte)

Não vou entrar nos detalhes de como funciona esse tipo de autenticação, mas, basicamente, você tem que criar um par de chaves SSH, sendo uma dessas chaves pública e outra, privada. A chave pública pode (e deve) ser compartilhada publicamente enquanto que a chave privada deve permanecer secreta em seu computador. Dessa maneira, a grosso modo, o servidor usa sua chave pública para perguntar se você é você e você usa sua chave privada pra responder que sim. Como só você tem a chave privada, é garantido que só você pode responder.

Enfim, para gerar um par de chaves SSH no seu computador, abra um terminal e rode o seguinte comando:

ssh-keygen -t rsa -b 4096 -C

Conectando ao celular

Finalmente, no seu PC, abra um terminal e digite o seguinte comando:

ssh -p 3022

No meu caso, como meu IP é 192.168.15.3, eu rodaria:

ssh -p 3022 192.168.15.3

E pronto! A partir desse momento