view#002140 – 08 de Abril de 2025
É sempre em retrospectiva que aprendo o que quero fazer, que me apercebo do que estou a fazer, que entendo o que não quero fazer. É sempre tarde demais que cresço, já torto, e olho para o torto que estou. Tarde demais acaba por se tornar chão e tudo o resto daí deriva: o inevitável, o irredutível e o impossível perdem, pela repetição, a força toda dos seus prefixos. Nunca passa a ser “um dia”. Tarde apenas refere “agora”.
view#002139 – 07 de Abril de 2025
Felizardos os que escrevem, traduzem e sobretudo lêem o dia todo.
view#002138 – 06 de Abril de 2025
Miéville, generoso, fala dos seus escritores favoritos. Assim conheci Mervyn Peake, Michael Cisco, Jenny Hval e M. John Harrison.
view#002137 – 05 de Abril de 2025
Todos os dias como sol, gulosamente.
view#002136 – 04 de Abril de 2025
Aproxima-se Maio e a viagem a São Miguel. Estranho escrever num diário sobre o que ainda não aconteceu. Quer dizer, tirando a frase anterior.
view#002135 – 03 de Abril de 2025
Mickey 17 é deliciosamente relevante. Sátira tão fecunda é geralmente sinal de trampa abundante. O CEO da história parece precisamente uma fusão entre Trump e Musk. E o contexto político americano, com bizarrias como o neo-monarquismo e figuras pegajosas e desonestas como Curtis Yarvin, é um estrume particularmente potente.
view#002134 – 02 de Abril de 2025
Foi há 21 anos que comecei o meu blogue. Fiz as contas várias vezes até escrever finalmente a frase. É difícil de acreditar que o tempo passou tão rápido. Esta aceleração, dizem, só vai ganhar vertigem. Daqui a 126 dias faço, espero, 50 anos. Outra frase simples mas difícil de conceber.
view#002133 – 01 de Abril de 2025
Diz a professora de viola, ao começar a ensinar teoria musical, que um teclado é como uma calculadora musical. Pela primeira vez na vida, penso em comprar um piano eléctrico. Até me decidir, vou usando teclados virtuais, para me familiarizar com os intervalos, bem mais evidentes nas teclas brancas e pretas que no braço de uma guitarra.
view#002132 – 31 de Março de 2025
A liberdade de Lea Ypi, os monstros de China Miéville, a minha bicicleta.
view#002131 – 30 de Março de 2025
Volto a traduzir. A bicicleta volta a ser diária e transporte. Retomo o que tenho vindo a ser. Vivo como quem anda em círculos grosseiros, curvas repetidas. Alguns percursos foram tantas vezes pisados que sulcam o chão. De vez em quando, tropeço para a trincheira de um hábito. Ou arredondo melhor uma elipse, esculpo de novo um sonho antigo.