Kroeber

#002185 – 23 de Maio de 2025

Volto a escutar Blue Lines, dos Massive Attack. Lançado em 1991, quando o grunge invadiu o mainstream e o hip-hop era ainda um género muito jovem. O trip-hop foi, entre muitas outras coisas, um movimento de reinterpretação da música que o hip-hop já absorvia e homenageava, como o soul, o funk e o reggae. Envelheceu muito bem: todos os álbuns de Massive Attack e Portishead continuam relevantes e cool. E é revelador que as duas bandas sejam parte do mesmo movimento, com uma atmosfera sonora comum, mas o hip-hop seja influência directa de apenas uma das bandas, pelo menos no que toca às vozes.

#002184 – 22 de Maio de 2025

Explicar a liberdade na fórmula em inglês “freedom to” e “freedom from” tem as suas limitações, embora algum poder descritivo no que toca aos seus contornos jurídicos. Mas há mais do que direitos civis reconhecidos na lei, quando se fala de liberdade. É sobretudo importante a liberdade que mantemos, que somos capazes de exercer quando os nossos direitos são desrespeitados, quando os nossos desejos são impossíveis de realizar e as nossas limitações evidentes. Como é que eu penso, sinto, actuo nos momentos em que me infringem os direitos ou simplesmente não posso fazer o que quero? Continuo livre, mesmo na prisão, como Mandela?

#002183 – 21 de Maio de 2025

Roomful of Teeth e o seu Rough Magic a lamber ou fazer feridas.

#002182 – 20 de Maio de 2025

Belly Up, dos Moin, no regresso ao trabalho.

#002181 – 19 de Maio de 2025

Em seis anos, a política em Portugal mudou muito. Nunca Abril foi tão urgente, nunca no meu tempo de vida foi tão urgente unirmo-nos, para assegurar a liberdade de todos.

#002180 – 18 de Maio de 2025

Garranos a dormir, a pastar no meio da aldeia, ao passarmos por eles. Um café no Abocanhado, com aquela paisagem impressionante. De Germil até Campo do Gerês há muita água, cabritos a comer hortelã, paisagem colorida de urze, giestas, tojo, miosótis. Nevoeiro, tempo mais fresco, sandes de salpicão e manteiga de amendoim, sorrisos cansados.

#002179 – 17 de Maio de 2025

Caminhamos de Lindoso a Germil. A serra é um local em que a teoria se dissolve, a política emudece, a filosofia cede passagem. Custam, aos pulmões, aos pés, aos joelhos, estes 19 quilómetros. Mas alimenta a alma este esforço partilhado com amigos que fazem o mesmo caminho, o mundo natural tão evidentemente incluindo a nossa presença, sem esperar que sejamos seus zeladores nem reparar especialmente em nós. A felicidade anda nas vizinhanças.

#002178 – 16 de Maio de 2025

As minhas férias continuam, mais um fim-de-semana. O meu lazer contrasta com o fim do mundo. O conforto relativo da minha vida é um privilégio. Sem culpa mas um sentido de urgência, já não me consigo alhear (como dantes) do contexto político do meu país, do meu planeta.

#002177 – 15 de Maio de 2025

Votei antecipadamente e escrevo sobre isso tardiamente. A própria democracia parece um anacronismo. É desolador tanta falta de memória histórica. Teremos décadas interessantes para viver, a somar o perigo dos extremistas políticos às alterações climáticas, a xenofobia às crises migratórias, a desigualdade social ao desprezo pelas liberdades civis. Interessantes e perigosas.

#002176 – 14 de Maio de 2025

Depois da invenção do Guitolão, ressuscita o Guitarrinho. A música popular está viva e em mutação.