Kroeber

#002110 – 09 de Março de 2025

Mitchie Brusco a ensinar o pump, num skate. Vontade de ter aulas de viola. Primeiro dia de 100, a ter cuidado com a alimentação. Treino para recuperar lesão no ombro. The Book of Elsewhere ao adormecer.

#002109 – 08 de Março de 2025

Zero Day é uma série que mostra de forma bastante reveladora quão extremo se pode tornar o extremo centro na política americana.

#002108 – 07 de Março de 2025

O Trump é um ego em expansão, ferrugento e infecto, uma âncora gigante que cai sobre a madeira podre de um barco chamado América. Leva ao fundo o seu país e tsunamis aos litorais do mundo inteiro.

#002107 – 06 de Março de 2025

Tritones na viola, selim da Brooks que namoro, online, férias pedalantes em São Miguel que planeio, cabelo demasiado curto ao vir do barbeiro.

#002106 – 05 de Março de 2025

Pedais, sol que espreita por entre as nuvens.

#002105 – 04 de Março de 2025

Choose Your Weapon é um álbum quase perfeito. As vozes açucaradas e cheias de alma, o ritmo tão tão no ponto, cheio de swing e de abençoadas influências do hip hop e do funk e da música latina e de muitos jazzes diferentes. Há dez anos atrás, os Hiatus Kaiyote tornavam-se intemporais com esta obra prima.

#002104 – 03 de Março de 2025

Um dos meus textos favoritos de todos os tempos é um prefácio: a introdução da Ursula K. Le Guin ao seu romance “The Left hand Hand of Darkness”.

#002103 – 02 de Março de 2025

Fennesz e Alva Noto, demasiada cafeína, sol intermitente.

#002102 – 01 de Março de 2025

Samba servido por Marcelo D2, lentidão nebulosa, bicicleta na oficina.

#002101 – 28 de Fevereiro de 2025

A maldição de conhecer o futuro foi surgindo na ficção ao longo dos séculos. Assenta na ideia de que o futuro já está escrito. Só por isso a maldição. Saber de antemão as desgraças vindouras é terrível quando não há nada que se possa fazer para o evitar. Ao contrário do que é natural (a ignorância do que ainda não aconteceu), conhecer o futuro obriga a uma obsessão inútil. É impossível deixar de pensar em algo indesejável mas não há forma de impedir que aconteça. Na ficção científica esta maldição tem variações interessantes. Uma muito comum procura compatibilizar a ideia de livre árbitro com a versão restrita da noção de que o futuro já está determinado. Nestas histórias, as personagens que lutam contra o futuro conseguem agir livremente, alterar infinitos detalhes mas não o resultado, que é sempre o mesmo. Cai-se na predestinação: por mais voltas que se dê e independentemente das ações humanas, o futuro é inalterável. Outra variação junta a ideia de destino a uma cláusula redentora. É o caso das histórias em que uma personagem fica presa num loop temporal, sempre a reviver a mesma sequência de eventos. Nestas histórias (como no caso de Groundhog Day), a personagem tenta repetidamente fórmulas diferentes, atitudes e ações diferentes, à procura da intervenção que a salve do loop. Nesta versão há um destino oculto que é preciso viver e a personagem repete os mesmo passos até fazer o que é o seu propósito. É talvez inspirada pela história de Sísifo, ou pela cosmogonia budista que considera que a iluminação é o ponto em que se escapa dos ciclos de reencarnação sucessivos. Quanto a mim, só concebo futuro enquanto possibilidade. O futuro é o que só se pode imaginar, que por se poder imaginar contém todas as possibilidades criativas. E por isso não só se pode mudar como é inevitável que esteja sempre em mutação.