#002110 – 09 de Março de 2025
Mitchie Brusco a ensinar o pump, num skate. Vontade de ter aulas de viola. Primeiro dia de 100, a ter cuidado com a alimentação. Treino para recuperar lesão no ombro. The Book of Elsewhere ao adormecer.
Mitchie Brusco a ensinar o pump, num skate. Vontade de ter aulas de viola. Primeiro dia de 100, a ter cuidado com a alimentação. Treino para recuperar lesão no ombro. The Book of Elsewhere ao adormecer.
Zero Day é uma série que mostra de forma bastante reveladora quão extremo se pode tornar o extremo centro na política americana.
O Trump é um ego em expansão, ferrugento e infecto, uma âncora gigante que cai sobre a madeira podre de um barco chamado América. Leva ao fundo o seu país e tsunamis aos litorais do mundo inteiro.
Tritones na viola, selim da Brooks que namoro, online, férias pedalantes em São Miguel que planeio, cabelo demasiado curto ao vir do barbeiro.
Choose Your Weapon é um álbum quase perfeito. As vozes açucaradas e cheias de alma, o ritmo tão tão no ponto, cheio de swing e de abençoadas influências do hip hop e do funk e da música latina e de muitos jazzes diferentes. Há dez anos atrás, os Hiatus Kaiyote tornavam-se intemporais com esta obra prima.
Um dos meus textos favoritos de todos os tempos é um prefácio: a introdução da Ursula K. Le Guin ao seu romance “The Left hand Hand of Darkness”.
Samba servido por Marcelo D2, lentidão nebulosa, bicicleta na oficina.
A maldição de conhecer o futuro foi surgindo na ficção ao longo dos séculos. Assenta na ideia de que o futuro já está escrito. Só por isso a maldição. Saber de antemão as desgraças vindouras é terrível quando não há nada que se possa fazer para o evitar. Ao contrário do que é natural (a ignorância do que ainda não aconteceu), conhecer o futuro obriga a uma obsessão inútil. É impossível deixar de pensar em algo indesejável mas não há forma de impedir que aconteça. Na ficção científica esta maldição tem variações interessantes. Uma muito comum procura compatibilizar a ideia de livre árbitro com a versão restrita da noção de que o futuro já está determinado. Nestas histórias, as personagens que lutam contra o futuro conseguem agir livremente, alterar infinitos detalhes mas não o resultado, que é sempre o mesmo. Cai-se na predestinação: por mais voltas que se dê e independentemente das ações humanas, o futuro é inalterável. Outra variação junta a ideia de destino a uma cláusula redentora. É o caso das histórias em que uma personagem fica presa num loop temporal, sempre a reviver a mesma sequência de eventos. Nestas histórias (como no caso de Groundhog Day), a personagem tenta repetidamente fórmulas diferentes, atitudes e ações diferentes, à procura da intervenção que a salve do loop. Nesta versão há um destino oculto que é preciso viver e a personagem repete os mesmo passos até fazer o que é o seu propósito. É talvez inspirada pela história de Sísifo, ou pela cosmogonia budista que considera que a iluminação é o ponto em que se escapa dos ciclos de reencarnação sucessivos. Quanto a mim, só concebo futuro enquanto possibilidade. O futuro é o que só se pode imaginar, que por se poder imaginar contém todas as possibilidades criativas. E por isso não só se pode mudar como é inevitável que esteja sempre em mutação.