#002136 – 04 de Abril de 2025
Aproxima-se Maio e a viagem a São Miguel. Estranho escrever num diário sobre o que ainda não aconteceu. Quer dizer, tirando a frase anterior.
Aproxima-se Maio e a viagem a São Miguel. Estranho escrever num diário sobre o que ainda não aconteceu. Quer dizer, tirando a frase anterior.
Mickey 17 é deliciosamente relevante. Sátira tão fecunda é geralmente sinal de trampa abundante. O CEO da história parece precisamente uma fusão entre Trump e Musk. E o contexto político americano, com bizarrias como o neo-monarquismo e figuras pegajosas e desonestas como Curtis Yarvin, é um estrume particularmente potente.
Foi há 21 anos que comecei o meu blogue. Fiz as contas várias vezes até escrever finalmente a frase. É difícil de acreditar que o tempo passou tão rápido. Esta aceleração, dizem, só vai ganhar vertigem. Daqui a 126 dias faço, espero, 50 anos. Outra frase simples mas difícil de conceber.
Diz a professora de viola, ao começar a ensinar teoria musical, que um teclado é como uma calculadora musical. Pela primeira vez na vida, penso em comprar um piano eléctrico. Até me decidir, vou usando teclados virtuais, para me familiarizar com os intervalos, bem mais evidentes nas teclas brancas e pretas que no braço de uma guitarra.
A liberdade de Lea Ypi, os monstros de China Miéville, a minha bicicleta.
Volto a traduzir. A bicicleta volta a ser diária e transporte. Retomo o que tenho vindo a ser. Vivo como quem anda em círculos grosseiros, curvas repetidas. Alguns percursos foram tantas vezes pisados que sulcam o chão. De vez em quando, tropeço para a trincheira de um hábito. Ou arredondo melhor uma elipse, esculpo de novo um sonho antigo.
Aulas de viola, sessões de osteopatia. Aprendizagem e convalescença.
EUA. Impõe-nos Trump 2.0 mas oferece a terceira temporada de The White Lotus. Tira-nos o pão e continua a dar-nos circo de qualidade.
Gosto da sopa quente e do kitsch dançável, como a música da M.I.A.
Pois bem, senhores que apreendem telemóveis nos aeroportos, para que fique bem claro numa hipotética decisão futura: não gosto de nada do que o Trump representa. Se algum dia a vida der voltas que agora não imagino e eu voltar a visitar os EUA, aqui fica a prova incontestável, para sempre online. Fuck you, orange goblin, I wish there was a god, I wish there was a god so that you could meet him, one day, face to face, and hear, you're fired, you're going to hell and, by the way, the election was not stolen, you lying shitface. Fique aqui declarado o meu desprezo e sim, se o tiverem que fazer, impeçam-me de me aproximar da terra do tio sam. Que o seu dedo sujo me aponte o caminho de volta ao meu país.