#002041 – 29 de Dezembro de 2024
Pela primeira vez na minha vida, gosto de ir ao ginásio. A pequena comunidade de pessoas que reencontro duas vezes por semana motiva-me a regressar. É uma das surpresas boas que este ano teve.
Pela primeira vez na minha vida, gosto de ir ao ginásio. A pequena comunidade de pessoas que reencontro duas vezes por semana motiva-me a regressar. É uma das surpresas boas que este ano teve.
Bico de um Prego continua a mexer comigo, como de resto a música toda dos Diabo na Cruz. É intrigante que música tão despudoradamente de baile seja também tão comovente.
Ontem, sete quilómetros de skate. Este mês, muito pouco exercício. Venha de vez a luz, para que o dia não acabe tão cedo e cheio de potencial.
Haqq al-Yaqin, dos OM, faz-me dançar a alma, enquanto o corpo é aquecido por um generoso sol de Inverno.
Gosto de escrever neste diário. Só tenho dificuldades com duas coisas: o facto de ser diário e o facto de ser sobre mim. Tirando tudo o que constitui a escrita de um diário, sinto-me à vontade.
Vejo um vídeo de um Binturong a caminhar ao longo de um ramo de árvore. Clico para ler os comentários e o primeiro expressa a minha exata perplexidade: “I hate that now I think everything is AI”. O Binturong existe, vive na Tailândia, ainda que seja uma espécie ameaçada.
Skate e sol. Frio e vontade de me mexer. Dezembro tem sido lento e calórico. O metro está quase a chegar Matosinhos.
No Natal, a família junta-se. A minha sobrinha faz muitos desenhos, alguns para mim. Desenha com talento e criatividade. Mas não como um adulto. Um desenho da minha sobrinha, ou de outra criança, é um mandala. Enquanto desenha está completamente imersa no gesto, na criação. Assim que termina, acabou também o mais importante. Um desenho terminado é algo que já passou, que não gera apego. Desenhar é objectivo que se cumpre em si mesmo. Não sei bem o que isso me ensina. Talvez que uma criança está mais próxima da espiritualidade que da arte conceptual. Talvez nem seja necessário tirar lições do que é tão imediato.