view#002009 – 27 de Novembro de 2024
Emagrecer deveria ser objetivo fácil para um autista. É quantificável e simples de medir, sem ambiguidades. Mas sou também bipolar, e avanço e recuo segundo a intensidade do meu entusiasmo. Ainda assim, vou emagrecendo. Ao fazer 50 anos quero estar mais saudável do que agora.
view#002008 – 26 de Novembro de 2024
Escuto “Blood of a Pomegranate”. Danço por dentro, muito, e até por fora.
view#002007 – 25 de Novembro de 2024
Em “In The Eye of The Storm” Varoufakis avisa que os fascistas, para ganhar poder, não têm de ganhar eleições. Basta-lhes forçar a narrativa, o centro político, mais e mais para a extrema direita. É já isto aquilo a que temos assistido, até em Portugal.
view#002006 – 24 de Novembro de 2024
A caminho do oftalmologista. Passados 40 anos, volto a usar óculos.
view#002005 – 23 de Novembro de 2024
Livros como The New Dinosaurs, que são descritos como obras de zoologia especulativa, mostram como a ficção influencia a ciência.
view#002004 – 22 de Novembro de 2024
Envelhecer tem sido andar a remendar o corpo. Dentes, varizes, espondilite, visão, joelhos, ombro, cervical, rins. Começo a compreender a atracção pelo imaginário cyborg. Dava mesmo muito jeito poder substituir peças deste corpo desengonçado e ferrugento.
view#002003 – 21 de Novembro de 2024
Cantam os Lungfish: “O, the devil is a flower / Plucked from a cloud”.
view#002002 – 20 de Novembro de 2024
“We will need writers who remember freedom”, Ursula K. Le Guin.
view#002001 – 19 de Novembro de 2024
Content creator é uma expressão triste mas reveladora. Faz-me lembrar a crítica de Franco Berardi à promoção da ideia de nos conectarmos. Diz Berardi que só componentes se podem conectar, que uma conexão implica que os dois lados sejam compatíveis, análogos, que sejam semelhantes. E sugere, na tradução em inglês, conjunction em vez de connexion. Explica que uma conjunção (tradução trapalhona minha) não exige que as duas pessoas (instituições, comunidades, ideias, etc) sejam iguais e abre espaço a que se influenciem e transformem uma à outra.
Da mesma forma, nenhum conteúdo, por mais radical, humanitário, bem intencionado e genial, pode só por si mudar o meio em que é difundido. Conteúdo é, por definição, algo que não só não ameaça a estrutura que o difunde, mas a alimenta e sustenta. Não tendo a lucidez e sabedoria de Berardi, não sei que alternativa temos.
view#002000 – 18 de Novembro de 2024
As selfies mudaram a perspectiva das fotos. Por defeito, uma foto é agora um instantâneo do eu. Uma selfie é o acto de alguém que aponta a câmara a si mesmo. Quando, antes, uma foto tinha a mesma direção do olhar: de dentro para fora.
O TikTok impulsionou uma outra mudança de perspectiva. Agora, em todas as plataformas digitais, a dança é algo que se faz virado para a câmara, em vez de ser um movimento com referência no quotidiano do nosso movimento, em que o corpo observa o que está em redor. Agora o olhar de quem dança está fixo na câmara.
Estas duas transformações significam que, por defeito, a representação é acto egocêntrico e tautológico (é a nós que representamos, nas fotos) e a performance é um acto libidinoso, focado no olhar do outro (por detrás da câmara). Por outras palavras, não nos interessa representar o mundo e não escapamos ao olhar do grande outro.