Kroeber

#001942 – 21 de Setembro de 2024

Robert Sapolsky escreve sobre a visita aos gorilas da montanha, no Ruanda, 6 meses depois de Diane Fossey ter sido assassinada. Segundo ele, tinha então finalmente passado aquela fase da vida em que já não podia dar-se ao luxo de gastar o tempo necessário para viajar grandes distâncias à boleia, mas ainda não podia dar-se ao luxo de gastar o dinheiro necessário para viajar através de um meio mais rápido.

#001941 – 20 de Setembro de 2024

Chego ao alojamento, depois de uns quilómetros a pedalar. A casa de banho é partilhada e fico irritado, porque tenho de esperar para a usar. Olho o ecrã do telemóvel e leio a notícia de que Israel bombardeou Beirute, matando 14 pessoas.

#001940 – 19 de Setembro de 2024

Depois dos incêndios, chuvas torrenciais. Talvez a seguir venham gafanhotos.

#001939 – 18 de Setembro de 2024

No matter the languages we speak or the colour of our skin, we share ancestors who planted rice on the banks of the Yangtze, who first domesticated horses on the steppes of the Ukraine, who hunted giant sloths in the forests of North and South America, and who laboured to build the Great Pyramid of Khufu.

Este é um excerto de um artigo científico publicado na revista Nature. Nele ficamos a saber que entre 500 a 3.000 anos atrás viveu o mais recente antepassado comum de toda a humanidade. Isto significa que todos, no planeta, somos descendentes de alguém que viveu há apenas cerca de 17 gerações atrás, no mínimo, ou à volta de 108, no máximo.

A insistência nas doenças civilizacionais como o nacionalismo e o racismo é ignorância do facto de sermos, não só da mesma espécie, mas da mesma família. Não existem, na verdade, raças. E as nações são ficções temporárias, que darão lugar a outras. Infelizmente quer a raça quer a nacionalidade são osso afiado da calcificada estrutura identitária que nos querem impingir, para nos dividirem e melhor nos reinarem.

#001938 – 17 de Setembro de 2024

O sol é um buraco circular neste fumo todo. Roda laranja-fogo no céu, a lembrar os incêndios que rondam perto.

#001937 – 16 de Setembro de 2024

A barriga vai diminuindo, enquanto emagreço. E uma marca assinala a diminuição da curva. Uma mancha, em forma de lua crescente, assinala o lugar em que a roupa apertou, durante anos, a carne.

#001936 – 15 de Setembro de 2024

Semana de quatro dias no Fórum Socialismo. O professor Pedro Gomes apresenta os resultados do programa piloto em Portugal, um sucesso que faz sentido repetir em maior escala, com mais empresas. Diz Gomes que o papel dos sindicatos vai ser importante. Uma vez que têm conhecimento do funcionamento das empresas de cada sector, podem preparar a reorganização necessária para implementar a redução da semana de trabalho. Avisa o académico que é desaconselhável avançar com a lei prematuramente, antes de as empresas estarem preparadas. O resultado quase inevitável é que passados quatro anos se voltaria atrás. Nos anos 90 em Portugal, a redução, das horas de trabalho para 40 semanais também foi assim: quando a lei entrou em vigor já muitas empresas tinham adoptado a mudança. O sector do trabalho, com a importância da acção colectiva dos sindicatos, mostra ao longo da história como a democracia não se pode resumir a assinalar com uma cruz o candidato que mais pareça defender os nossos interesses individuais. Somos sempre cidadãos, e a cidadania é algo que exercemos, defendemos e renovamos juntos.

#001935 – 14 de Setembro de 2024

De vez em quando leio memórias. Mas não consigo imaginar-me escrevê-las. Não só porque (e é este o motivo principal) não vejo motivo, nada de assinalável que o justificasse. Mas também porque seria tão selectivo que nem lhe poderia chamar memórias sem acrescentar algum adjetivo como fragmentadas, escolhidas, ou juntar antes de Memórias a clareza de Algumas ou Quase Nenhumas.

#001934 – 13 de Setembro de 2024

Incêndio aqui perto. Demasiado perto de quem vive no centro de Gondomar. Em Rio Tinto, o dia todo com este fumo que torna a luz do sol opaca e cansa os pulmões.

#001933 – 12 de Setembro de 2024

De novo os incêndios a rondar cidades, a desalojar pessoas, a provocar mortes, a encher o ar de uma espessura sufocante, a pintar o céu de cores inflamadas. A distopia ecológica vai-se instalando.