Kroeber

#001999 – 17 de Novembro de 2024

Do Soajo até Lindoso. Etapa em pleno Verão de São Martinho. Joelhos refrescados pela água gelada de um riacho, depois de muitos quilómetros.

#001998 – 16 de Novembro de 2024

De Adrão até ao Soajo, quinze quilómetros de monte.

#001997 – 15 de Novembro de 2024

Amanhã, o Gerês. A grande rota, garranos e cachenas, água, tudo verde.

#001996 – 14 de Novembro de 2024

A cobertura jornalística dos desacatos provocados por fãs do Maccabi Tel Aviv foi vergonhosa. Fica em causa o papel da imprensa nas nossas democracias. Tem sido desolador ver a força diplomática do país agressor que executa um genocídio de forma impune. Mas ainda assim foi surpreendente ver o spin fez de hooligans vítimas inocentes. E chocante ver como imagens dessas agressões foram usadas para ilustrar mentiras, para contar a história inversa do que aconteceu na realidade.

#001995 – 13 de Novembro de 2024

Aumenta o frio, diminui cintura, multiplicam-se dores, escasseia luz.

#001994 – 12 de Novembro de 2024

Os títulos aqui são números, um mero cardinal cumulativo. Ainda assim, os números não são todos iguais. E lembram-me, os actuais, os anos da minha adolescência. O grunge, a descoberta de que sou bipolar, os verões enormes.

#001993 – 11 de Novembro de 2024

O corpo é uma coleção de mazelas, dorezinhas, lesões antigas, manhas e maleitas. A velhice não vem de repente, acumula-se, chega de mansinho e vai ficando. Há que escutar o corpo, sim, mas por vezes fazer orelhas moucas ajuda.

#001992 – 10 de Novembro de 2024

Invisible Mountain é um dos meus álbuns favoritos. Mas, se pensar nisso, boa parte dos álbuns de Horseback estaria em qualquer lista da música que mais gosto. Este, em particular, consegue activar partes do que sou de forma imediata, terapêutica, misteriosa. Mexe com coisas diferentes, que não sabia poderem dançar juntas. O íntimo é profundo, os ecos do inconsciente atravessam distâncias transformadoras. É como se para a sombra se contaminar inteiramente de luz fosse uma questão de lhe encontrar viagem suficientemente longa para que a natureza da sua escuridão não pudesse ficar incólume.

#001991 – 09 de Novembro de 2024

No segundo livro da série “Wayfarers”, Becky Chambers consegue interessar-me numa sensibilidade que tem algo de cibernético mas é surpreendentemente humano. A maior parte das histórias sobre ou com inteligências artificiais que chegam ao mainstream são aborrecidas. Geralmente pouco mais do que um reflexo directo e insuportavelmente previsível das inquietações do senso comum ou da cultura dominante. Não admira, por isso, que boa parte destas histórias sejam thrillers em que uma inteligência artificial “acordou” e cuja consciência se torna imediatamente um perigo para a sobrevivência da espécie humana.

Já em “A Close and Common Orbit”, seguimos duas timelines, acompanhando as duas personagens principais. Uma começa na infância de uma rapariga humana, a outra passa-se no presente, contada do ponto de vista de uma inteligência artificial. O paralelo é incrivelmente interessante. Na primeira timeline, uma inteligência artificial cria e protege a rapariga humana, como uma mãe digital. Na segunda timeline essa rapariga, agora mulher, ensina uma inteligência artificial a fazer-se passar por humana, é sua amiga e cúmplice.

São especialmente convincentes momentos como aquele em que uma inteligência artificial ensina a rapariga o que é comida sólida, e a estranheza com que a rapariga aprende a mastigar e engolir comida ecoa momentos anteriores no livro. Como um pormenor que nunca tinha visto noutras histórias sobre ou com IA: Sidra, a protagonista inteligência artificial, refere-se ao seu corpo sintético na terceira pessoa, como outra coisa, não parte do eu. Quando a rapariga aprende a ser humana, essa estranheza também é corporal. Num e noutro caso, vemos seres que estão a aprender o que é ter agência, quais os limites da autonomia, e que crescem no corpo que habitam. Está muito bem feito e o livro e meio que li até agora desta autora confirmam-na já como uma das minhas favoritas.

#001990 – 08 de Novembro de 2024

Uma tarde de Verão de São Martinho. Oito quilómetros de surfstake. Três bolas de acaí. Por-do-sol a descer sobre os surfistas. Muito sossego.