view#001649 – 11 de Março de 2024
“Venice” é de uma ternura imprecisa, calorosa, um fumo de lareira a queimar os últimos vestígios de melancolia. E neste álbum de Fennesz, que faz em 2024 vinte anos, surge ainda a voz grave e etérea de David Sylvian, em “Transit”. Conjunto de canções que acompanha todos os moods e paisagens, todos os climas, que implanta uma paisagem interior, uma diluição de todas as danças.
view#001648 – 10 de Março de 2024
A música d'“A garota não” magoa-me. É uma dor boa, imensa e vulnerável. Uma sensação semelhante a estar vivo, ou ao acto de olhar para cantos do meu íntimo algo esquecidos.
view#001647 – 09 de Março de 2024
Trabalho em ritmo acelerado. Chuva em fôlegos surpreendentes. Fleet Foxes, Volcano Choir e Beirut a sossegar a alma.
view#001646 – 08 de Março de 2024
BD, guitarra, iogurte, sonho, frio, tradução.
view#001645 – 07 de Março de 2024
Finalmente leio Kazuo Ishiguro. Klara and the Sun é uma boa surpresa.
view#001644 – 06 de Março de 2024
Depois de um mês a recuperar da cirurgia, de descuido com o peso e alguma depressão, volto a andar de skate. Venho feliz e suado, este diário ainda está atrasado quase 20 dias, mas começo a colocar a vida em dia.
view#001643 – 05 de Março de 2024
De novo poeiras do Sahara no ar. No ecrã, extraterrestres a caminho da Terra, na adaptação do “The Three-Body Problem”, de Liu Cixin.
view#001642 – 04 de Março de 2024
Estou nas últimas páginas de “Big Sur and the Oranges of Hieronymus Bosch”. Henry Miller, na terceira parte do livro, descreve a relação com Moricand, primo de Anaïs Nin. Este vem, a certa altura, viver com Miller e a família, na minúscula e muito modesta casa no Big Sur. Como prenda, o francês traz um relógio de parede. É revelador ler do autor americano o seguinte: “I tried to express my appreciation of the marvelous gift he had made me, but somehow, deep inside, I was against the bloody clock. There was not a single possession of ours which was precious to me. Now I was saddled with an object which demanded care and attention.“
view#001641 – 03 de Março de 2024
Há ainda casos em que a entrada no caderno se assemelha à premissa de uma potencial narrativa. 14 de Junho de 2021: “Viajo atrás no tempo para começar a escrever mais cedo e publicar logo. Distraio-me com tudo o resto” ; 2 de Outubro de 2021: “Depois de tudo o que se passou, o homem não se lembrou de que lhe tinha saldo a vida.” ; 22 de Novembro de 2021: “O cérebro do Henry Kissinger foi mapeado por um computador quântico.”
view#001640 – 02 de Março de 2024
Outras vezes, o que me chama a atenção é quão lacónico é o registo daquela noite a sonhar. 3 de Dezembro de 2019: “Um beijo acordou-me” ; 20 de Dezembro de 2019: “Voei muito. E não só.“