Kroeber

#002171 – 09 de Maio de 2025

Existem vídeos de gatos suficientes para alimentar modelos de IA generativa. O conteúdo curto, de activação rápida da dopamina poderá ter variações infinitas, cada vez mais e mais eficazes.

#002170 – 08 de Maio de 2025

É-me fácil tirar paralelos entre o clima de São Miguel e a minha personalidade e impossível levar a mal a constante flutuação do tempo na ilha. Ando com o casaco de carapuço, com dois casacos até, um muito leve, para quando está vento frio e calor. Outro que aquece e protege da chuva. Mangas curtas, ou um dos casacos, alterno a vestimenta constantemente. O sol é quente mas chuvisca, ou vem uma nuvem e fica escuro, chovem gotas geladas, ou passa o nevoeiro e a seguir sol de novo. Num espaço de meia-hora, as quatro estações. Se subirmos até à Lagoa do Fogo ou seguirmos para as Sete Cidades, por vezes são ainda mais agrestes o nevoeiro, o frio e a chuva. Sou bipolar e mesmo saudável e tratado, o meu humor varia ao longo do dia. Vou-me adaptando à forma como me sinto, tentando não dar demasiada importância aos ventos emocionais efémeros, nem me deixar definir pela atmosfera mental do momento. Em São Miguel, nunca me esqueço que estou num espaço natural, vivo, que a ecosfera não é uma casa climatizada, uma habitação. É um organismo, dinâmico, que se faz sentir. Aqui, não faço nenhum esforço para estar no momento, atento ao que se passa, respirando mais tranquilamente, aceitando as mudanças constantes do tempo.

#002169 – 07 de Maio de 2025

Faço a viagem de Sete Cidades até Ponta Delgada devagar, parando muitas vezes a bicicleta, já nostálgico, sem pressa nenhuma de deixar esta paisagem para trás. Vou comer agora uma caldeirada, aqui não lhe chamam molho de peixe, amanhã regresso ao continente.

#002168 – 06 de Maio de 2025

Dia de descanso a pedalar. Uma dúzia de quilómetros ao longo das margens das lagoas, piquenique junto à Lagoa Azul, tempo limpo com chuviscos ocasionais, a contrariar a previsão meteorológica mais pessimista. Coração que desacelerou, para ritmo mais próximo da música à minha volta.

#002167 – 05 de Maio de 2025

Hoje foi o dia mais duro de todos os passeios de bicicleta que fiz. E um dia absolutamente feliz. Fui da Praia do Fogo às Sete Cidades, a bicicleta carregada com a minha bagagem. Saí quase às 09h00 e cheguei pelas 19h30. Almocei na Ribeira Grande, onde comprei três queijadas locais, que comi enquanto subia. A descida para as Setes Cidades teve vento forte, chuva e frio. O nevoeiro cerrado acompanhou-me boa parte da viagem. Ao jantar provei mais uma queijada, com amora. Antes de me deitar vejo um documentário na RTP Açores sobre o Renato, um guia de montanha que já subiu mais de 2000 vezes ao Pico.

#002166 – 04 de Maio de 2025

Manhã de preguiça, tarde a caminhar pelo trilho do Agrião. É dia da mãe e eu gosto muito da minha, estou-lhe grato pela vida que me deu, pelo seu amor sem fim.

#002165 – 03 de Maio de 2025

Uma subida longa e bonita, mais de mil inclinados metros imerso em verde e canto de pássaros, para descer finalmente até ao vale das Furnas, ainda a tempo de comer um bife. Ao pequeno-almoço tinha experimentado pela primeira vez uma queijada da Graciosa, até agora a minha preferida. A meio da tarde, a chegada à Praia do Fogo, com neblina e chuvisco. Vou até à água, os meus pés gratos pelo banho de mar. Aguardo a tosta mista e mais uma Kima. Ando a abusar deste refrigerante de maracujá açoriano.

#002164 – 02 de Maio de 2025

Chego a São Miguel e conheço o Sérgio, que se mudou com a família e a cadela da capital, para conduzir um táxi e ter mais qualidade de vida. Somos dois forasteiros, a partilhar um deslumbramento com lugar tão bonito. Faço uma caminhada pelo litoral, de Ponta Delgada até ao Pópulo, e a bicicleta espera-me no hostel. Venho jantar pedalando, as horas que aqui passei lentas e boas.

#002163 – 01 de Maio de 2025

Tomar os meios de produção, os meios de computação (como diz Doctorow), reconhecer o valor que tem o dia do operário, como diz Luca Argel. E dançar, haja ou não revolução.

#002162 – 30 de Abril de 2025

A política passou de aborrecida a perigosa. Em poucos anos, os que mais desconfiam da democracia conseguiram parasitá-la. Cada ciclo de eleições é angustiante. A um desastre assim não se vira costas.