Kroeber

#001602 – 24 de Janeiro de 2024

Eis um dos clichés mais habituais da ficção estado-unidense: o pai, sendo o breadwinner da família, não tem tempo nenhum para a família. Passa o tempo a trabalhar para ganhar o pão que colocará na mesa. Isso cria tensões e ameaça mesmo a estabilidade da família. O casamento fica afectado ao ponto de poder gerar divórcio, os filhos sofrem com a ausência do pai. Nada é tão frequente nas histórias americanas como o pai que sucessivamente falha eventos escolares ou desportivos dos filhos, até aniversários, porque está a trabalhar.

Há séries inteiras construídas sob esta premissa, enredos de filmes, histórias premiadas com óscares e outras de menor qualidade. É uma premissa usada em todos os géneros, não só dramas familiares, mas thrillers, ficção científica, comédias, animação. Este cliché causa-me uma profunda aversão, não por ser cliché, mas pela ideologia que o sustenta.

Tal como a ideia do soldado relutante ajuda a promover a ideia da guerra, a ideia do pai que se sacrifica pela família ao ponto de a perder ajuda a promover a precariedade no trabalho. O que falta a todas estas histórias é a mais ínfima reflexão sobre a realidade americana, em que é normal acumular dois ou três empregos, só para poder pagar as contas da família. Pior, todos os problemas causados por esta fragilidade económica são vistos à luz do dilema do pai, passar mais tempo com a família mas ficar sem dinheiro suficiente para a sustentar ou ganhar dinheiro suficiente mas ficar sem tempo para a família?

É um falso dilema, ou melhor, há que o desmascarar em vez de o promover. Sendo um problema político, há que rejeitar tentativas de branquear responsabilidades políticas. A ficção é tão importante como a realidade, conta verdades que os factos só por si não atingem.

#001601 – 23 de Janeiro de 2024

A voz do James Blake comove-me profundamente. Apaixona-me.

#001600 – 22 de Janeiro de 2024

O Black Metal está a ser desmantelado. Não consigo imaginar uma melhor celebração deste fétido canto da música pesada que a sua apropriação. Gaylord, Violet Cold e muitos outros continuam o caminho começado já talvez há uns bons 10 anos. Tudo o que os conservadores e extremistas detestavam, como a homossexualidade, as mulheres, a utopia, está a invadir o seu triste domínio. Uma das compilações anti-facistas adoptou mesmo a sigla WOMAN, para deixar clara a sua posição contra a misogenia. Aqui WOMAN quer dizer “Worldwide Organization of Metalheads Against Nazis” e muito mais. Se Panopticon traz a sua ideologia anarcossindicalista e música bluegrass para uma estrutura tradicional de black metal, já outros projectos, como The Soft Pink Truth ou Gaylord são um ataque satírico, feito de um desrespeito militante e absolutamente delicioso. Este é um cadáver que não há-de procriar.

#001599 – 21 de Janeiro de 2023

Voltei a engordar. Talento que me é mais natural que emagrecer.

#001598 – 20 de Janeiro de 2024

A ficção é mais difícil que a biografia. Tem de fazer sentido.

#001597 – 19 de Janeiro de 2024

Tarde de surfskate, quilómetros a rolar. Sol de inverno, sorriso de verão.

#001596 – 18 de Janeiro de 2024

Terapia, surfskate, ondas gigantes na Nazaré, planear biketrips.

#001595 – 17 de Janeiro de 2024

Aprendi a andar de halfbike e surfskate, com 7 anos de diferença, nos mesmo 80 metros de asfalto.

#001594 – 16 de Janeiro de 2024

No fundo, a história da minha relação com o meu próprio corpo é um inverso da história do patinho feio, que afinal se revelou um belo cisne.

#001593 – 15 de Janeiro de 2024

Continuo a emagrecer devagar. Compenso o estrago que os medicamentos fazem. Quando era novo, por mais que comesse não deixava de ser magro. Agora que como de forma saudável, que não fumo e quase não bebo, que faço desporto diariamente, tenho as costas curvas, a barriga proeminente, o corpanzil de alguém que passa o dia no sofá.