#001581 – 03 de Janeiro de 2024
Cinco quilómetros de halfbike à hora de almoço. Antes do jantar consigo a chave dexter que me permite afrouxar os trucks dos patins. Três, quatro rodas de puro gozo. Ano novo que continua a rodar.
Cinco quilómetros de halfbike à hora de almoço. Antes do jantar consigo a chave dexter que me permite afrouxar os trucks dos patins. Três, quatro rodas de puro gozo. Ano novo que continua a rodar.
Uma amiga convida-me para ir andar de skate. Vem com a irmã, que patina, e um casal amigo, que se junta de scooter. Aprendo com a minha amiga que os trucks do meu surfskate estão demasiado apertados. No skate dela ando com mais facilidade, sobretudo depois das suas dicas. Fico feliz de começar o ano assim, com amizade e movimento.
Banho em Lobios, no último dia do ano. As águas termais a darem sentido ao frio exterior. Depois um risotto de alheira e espinafres na Vila do Gerês, antes de seguir para Guimarães. O ano chegou na cidade berço, com amigos e uma despedida da melancolia toda que me pesava.
Na Galiza, procuramos onde comer. Vamos até perto de Limia, à Arca da Noe. Ao entrar, descobrimos que a Noe é a Noemi, uma amiga galega que já não víamos há mais de 10 anos. A Maria tinha exposto na Esmorga, em Ourense, onde a Noemi recebia artistas e amigos. Diz-nos que já está neste local há mais de 10 anos. E que faz mais de 100 concertos por ano. Quando entramos ainda há pouca gente, junto a uma salamandra. Comemos uma hamburguesa de boi, com mermelada de sabogueiro e queijo de Allariz. A seguir há música ao vivo e a Noemi vai-nos apresentando pessoas, como um casal de galegos que vive no Porto e a seguir canta e toca, por exemplo, Dos Gardenias.
Um abraço do Reggie Watts. Como o mundo a esticar-se para me beijar.
Aproximo-me do fim de Kraken. Continuo à espera de novo livro do China Miéville. Leio os que me sobram lentamente.
O taxista fica intrigado pela halfbike. Acabamos por conversar sobre viagens de bicicleta. Tem 60 anos este homem e ainda pedala. Há umas décadas atrás, pedalou até Fátima com dois amigos, desde Sandim, e regressaram em menos de 24 horas. Depois de eu tirar a halbike dobrada da mala do táxi, perguntou-me como funcionava e eu expliquei. Cheguei a pensar que me ia pedir para experimentar. Ficou, àquela hora da noite, a falar comigo na rua. Tem sido assim ao longo dos anos, este veículo de três rodas atrai o interesse das pessoas com que se cruza, começa conversas muito facilmente.
Cinco dias depois ainda me doem os abdominais. A dor do exercicio é específica. Não tem afinidade com o que quero referir habitualmente quando digo dor. É um eco que assinala onde o corpo está a mudar, um sinal de crescimento, um queixume dos músculos depois de trabalharem mais do que esperavam. Sabe bem esta dor. Diz onde estou a fazer algo por mim, o local que é preciso fortalecer.
Sim, o amor. E a família. E comida boa. E tudo o resto são detalhes.