Hoje enfrentei uma verdade incómoda. Ainda a quero negar, adaptar até que me convenha, distorcê-la à medida do que prefiro.
Primeira edição do Banana Bong Fest. Stones of Babylon a abrir a noite. Imaginário semelhante aos Sleep, terra santa e canabinóides. O som a sugerir uma espiritualidade soturna, como Dark Budha Rising. A seguir os virtuosos Madmess, com o seu heavy psych muito conhecer dos anos 70 mas também do heavy metal. E os Krypto, do inimitável Gon, invadiram o palco a seguir para desestabilizar tudo: se lá fora chovia, dentro havia uma tempestade. Baixo, bateria e voz. Uma simplicidade que já nos Plus Ultra (guitarra, bateria e voz) era enganadora. A energia desta banda é incrível. Noite de rock, nem sempre stoner, com atmosferas diferentes e intensidade crescente.
Viagens no tempo, romance retomado. Caminhadas à chuva, piscinas a bruços. Osteopata, psicóloga, urologista. Tanta manutenção para um único mortal coil. Não é ainda carinho muito menos amor. Mas é já algum cuidado, esta atenção que me dedico. Ou mesmo estima. Auto-estima.
Passado tanto tempo, ainda estava em confinamento. Como quem sai de uma prisão e descobre, fora dela, que a prisão é agora interior. Estava habituado a me proteger de tanto, até de nada. É bom saber-me, nestes dias, capaz de passar pelo desconforto e pela dor. Aceito que não gosto assim tanto de mim. E vou-me habituando a que mesmo isso mude.
Em 2003 comecei um blogue. 20 anos. A internet mudou e mudou tudo.