Kroeber

#002005 – 23 de Novembro de 2024

Livros como The New Dinosaurs, que são descritos como obras de zoologia especulativa, mostram como a ficção influencia a ciência.

#002004 – 22 de Novembro de 2024

Envelhecer tem sido andar a remendar o corpo. Dentes, varizes, espondilite, visão, joelhos, ombro, cervical, rins. Começo a compreender a atracção pelo imaginário cyborg. Dava mesmo muito jeito poder substituir peças deste corpo desengonçado e ferrugento.

#002003 – 21 de Novembro de 2024

Cantam os Lungfish: “O, the devil is a flower / Plucked from a cloud”.

#002002 – 20 de Novembro de 2024

“We will need writers who remember freedom”, Ursula K. Le Guin.

#002001 – 19 de Novembro de 2024

Content creator é uma expressão triste mas reveladora. Faz-me lembrar a crítica de Franco Berardi à promoção da ideia de nos conectarmos. Diz Berardi que só componentes se podem conectar, que uma conexão implica que os dois lados sejam compatíveis, análogos, que sejam semelhantes. E sugere, na tradução em inglês, conjunction em vez de connexion. Explica que uma conjunção (tradução trapalhona minha) não exige que as duas pessoas (instituições, comunidades, ideias, etc) sejam iguais e abre espaço a que se influenciem e transformem uma à outra.

Da mesma forma, nenhum conteúdo, por mais radical, humanitário, bem intencionado e genial, pode só por si mudar o meio em que é difundido. Conteúdo é, por definição, algo que não só não ameaça a estrutura que o difunde, mas a alimenta e sustenta. Não tendo a lucidez e sabedoria de Berardi, não sei que alternativa temos.

#002000 – 18 de Novembro de 2024

As selfies mudaram a perspectiva das fotos. Por defeito, uma foto é agora um instantâneo do eu. Uma selfie é o acto de alguém que aponta a câmara a si mesmo. Quando, antes, uma foto tinha a mesma direção do olhar: de dentro para fora.

O TikTok impulsionou uma outra mudança de perspectiva. Agora, em todas as plataformas digitais, a dança é algo que se faz virado para a câmara, em vez de ser um movimento com referência no quotidiano do nosso movimento, em que o corpo observa o que está em redor. Agora o olhar de quem dança está fixo na câmara.

Estas duas transformações significam que, por defeito, a representação é acto egocêntrico e tautológico (é a nós que representamos, nas fotos) e a performance é um acto libidinoso, focado no olhar do outro (por detrás da câmara). Por outras palavras, não nos interessa representar o mundo e não escapamos ao olhar do grande outro.

#001999 – 17 de Novembro de 2024

Do Soajo até Lindoso. Etapa em pleno Verão de São Martinho. Joelhos refrescados pela água gelada de um riacho, depois de muitos quilómetros.

#001998 – 16 de Novembro de 2024

De Adrão até ao Soajo, quinze quilómetros de monte.

#001997 – 15 de Novembro de 2024

Amanhã, o Gerês. A grande rota, garranos e cachenas, água, tudo verde.

#001996 – 14 de Novembro de 2024

A cobertura jornalística dos desacatos provocados por fãs do Maccabi Tel Aviv foi vergonhosa. Fica em causa o papel da imprensa nas nossas democracias. Tem sido desolador ver a força diplomática de país agressor que executa um genocídio de forma impune. Mas ainda assim foi surpreendente ver o spin fez de hooligans vítimas inocentes. E chocante ver como imagens dessas agressões foram usadas para ilustrar mentiras, para contar a história inversa do que aconteceu na realidade.