Kroeber

#001347 – 13 de Maio de 2023

Arroz de espadarte e bife de albacora na Ribeira Grande, no Ildeberto. Depois um salto às Caldeiras. Adiamos, nostálgicos, a ida, o mais que podemos. Ponta Delgada está em festa. O senhor Marco, da Auto Ramalhense, é de uma enorme simpatia, durante o transfer para o aeroporto. Fomos sempre muito bem recebidos e até ao irmos embora nos tratam de forma calorosa. São Miguel é um lar de afectos, um sítio cheio de gente boa. Há que voltar muitas vezes.

#001347 – 12 de Maio de 2023

Praia do Fogo com tempo de verão. Sangue no braço depois de me enrolar numa onda e raspar em seixos. Peixe espada preto grelhado no restaurante Ponta do Garajau, ao lado da Ribeira Quente. Os plátanos da margem direita têm os ramos entrelaçados, o casario faz lembrar um presépio, lembra uma moradora. Seguimos para Povoação e Nordeste, passamos ao largo de Água Retorta e Faial da Terra. Visitamos de novo o senhor Jorge, no Cantinho do Cais, para mais um Molho de Peixe. Comemos umas queijadas caseiras e bebemos aguardente Mulher do Capote. Tínhamos assistido ao primeiro pôr-do-sol, que aqui da costa norte parecia quase descer a meio do mar. Quando voltamos a casa vêem-se muitas estrelas. Trazemos meia garrafa de Picomel, que o senhor Jorge fez questão de nos oferecer, e o coração cheio.

#001346 – 11 de Maio de 2023

Visita à Gorreana. O Sr. João vê-nos a tentar entrar pelo sítio errado e oferece-se para nos ajudar. Trabalha ali há 53 anos. É um mestre no que toca ao processo do chá. Acaba por nos fazer uma visita improvisada, explicando-nos cada passo, cada máquina e muitos detalhes da sua vida e da sua experiência. Comovemo-nos com a generosidade daquele homem e a sua vontade de ensinar o muito que sabe. Uma moça da Maia reconhece-nos e fica a conversar, já vizinha depois de mais de uma semana a ver-nos no supermercado local, a Casa Cheia. Voltamos às Furnas, de dia. Vemos as fumarolas, vamos à lagoa e damos um salto a Vila Franca do Campo, antes de ir comer de novo ao Tony's. Eu tinha enchido o cantil de água azeda, de uma das nascentes termais. Soube-me bem, a sal e minério. Ao rever vídeos das caldeiras, a cor de ferrugem e o muito fumo, sinto sinestesicamente o sabor a enxofre. Amanhã é a véspera do voo para o continente.

#001345 – 10 de Maio de 2023

Piscinas naturais das Calhetas da Maia, com bom tempo e água fria da nascente doce que vai ter ao mar. Depois um passeio de duas horas no barco do Pedro, o pescador da rua ao lado da nossa. Saímos de Porto Formoso e visitamos as grutas que do Miradouro de Santa Iria ou da Ponta do Cintrão não se vêem. A câmara filma peixes sem nos apercebermos. É tudo deslumbrante e imenso, basalto negro, grotas, barrancos, enormes fendas por onde a água da chuva escavou em direção ao mar. Desta vez do lado do mar, vemos a Praia dos Moinhos e uma boa parte da costa norte, para nascente e poente. Afastamo-nos uns dois quilómetros. Passa uma tartaruga, há umas aves mais pequenas que as gaivotas a planar junto à água e o Atlântico em volta impressiona. Regressamos e em Porto Formoso está um cisne negro que o Pedro diz ali ter chegado há uns seis meses. Diz-nos também que os pescadores alimentam há cinco anos uma gaivota que não consegue voar e que assim fez daquele porto seguro. Já em terra, vamos até à Achadinha para jantar no Poço Azul. Comemos seitan com molho à regional, tão bom como o da Associação Agrícola, polvo à lagareiro e bife de espadarte. E vem ainda para a mesa uma panacota de maracujá. Falam-nos da Ribeira de Caldeirões que é perto aqui da Maia e que ainda não conhecemos.

#001344 – 09 de Maio de 2023

Banho de cascata no Salto do Cabrito. A caminho da Lagoa de São Brás, vemos a ordenha móvel das vacas, uma e outra vez. Chegamos perto da água e uma família de 6 patos sai da margem, aproxima-se de nós sem medo e enternece-nos muito. Ao regressarmos devagar, pela estrada esburacada, coelhos surgiam, a caminho das tocas. Quando viramos para a casa de pasto O Amaral, escutamos badalos, passam um rebanho de cabras, um pastor a cavalo e um cão de fila açoreano.

#001343 – 08 de Maio de 2023

Trilho da Praia da Viola. Borboletas e abelhas, capuchinhas em flor e chorões. Azenhas em ruínas, o canto de muitos pássaros e de água a correr. Ao lanche, queijo da ilha, pão lêvedo e Kima de maracujá. À noite, uma pratada do delicioso Molho de Peixe, servido com pão torrado, no Cantinho do Cais. Antes do regresso vários cálices de Picomel.

#001342 – 07 de Maio de 2023

Dia de preguiça. Sono trocado. Jantar junto ao Atlântico, essa estranheza de não haver pôr do sol, porque estamos virados a Norte.

#001341 – 06 de Maio de 2023

Banho de mar, surfistas, ondas e areia preta. Areal de Santa Bárbara quente, temperatura amena. Banho termal na Caldeira Velha, jantar na Associação Agrícola. E pelo caminho, a Festa da Flor em Ribeira Grande, ponha aqui o seu pezinho e outras modas, fadas da primavera e violas da terra.

#001340 – 05 de Maio de 2023

Entrada nas Sete Cidades pela Várzea, depois de vir da Ponta da Ferraria. Piquenique junto à Casa do Parque. Conhecemos o senhor Horácio e a sua égua, que não tinha sela. O senhor Horácio explica-nos que o túnel, que demorou 7 anos a construir, escoa a água da Lagoa Azul e que se não existisse ele já não vivia ali, muito estaria submerso. O restaurante Lagoa Azul tem um buffet com um polvo e um pernil maravilhosos. A saída pela serra, já noite, é abortada, porque o nevoeiro era espesso. Descemos de novo à vila e escutamos o som de uma filarmónica. Compro piripiri da Candelária, que ali chamam de pimenta e como uma queijada da vila. A filarmónica é a Banda Lira Sete Cidades e o maestro convida-nos para o ensaio. Tocam músicas do Variações. Saímos de novo, pela Várzea, e vamos pela costa Sul até Ponta Delgada e de novo até casa.

#001339 – 04 de Maio de 2023

Calhetas, Nordeste, Povoação, Boca da Ribeira, Ponta do Sossego, Água de Pau, Cus de Judas. Muito sol e depois muita chuva. E um bacalhau com broa, espinafres e emulsão de molho de vilão, ao chegar às Furnas.