Late night notes

Late night é o momento do silêncio, do chill out, da indulgência do gosto, do ainda-não-amanhã. [CC BY-NC-SA 4.0] RSS: https://write.as/latenightnotes/feed/

Você está por sua conta Em um mundo em que você cresceu Alguns anos ainda pela frente Não deixe o obstáculo cair Então seja a garota que você amou Seja a garota que você amou

Eu vou esperar Então me mostre porque você é forte Ignore todos os outros Estamos sozinhos agora Eu vou esperar Então me mostre porque você é forte Ignore todos os outros Estamos sozinhos agora

De repente sou atingido É a dureza do amanhecer E seus amigos se foram E seus amigos não virão Então me mostre onde você se encaixa Então me mostre onde você se encaixa

Eu vou esperar Então me mostre porque você é forte Ignore todos os outros Estamos sozinhos agora (estamos sozinhos agora) Vou esperar (estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora) Vou esperar (estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora) (Estamos sozinhos agora)

De repente sou atingido É a dureza do amanhecer E seus amigos se foram E seus amigos não virão Então me mostre onde você se encaixa Então me mostre onde você se encaixa

Enigmática, fascinante, convidando a uma audição em loop infinito, a canção Retrograde (Spotify / YouTube) é iniciada (e finalizada) com uma longa melodia em murmúrio; avança com andamento lento, batida seca, a intensidade emocional brotando da voz cristalina de Blake, até a onda massiva que emerge do teclado quando de repente sou atingido...

Como será quando você estiver quase sozinho? Como você lidará com o tempo à frente? Como você lidará com a sua história, o seu passado? E com as pessoas que, eventualmente, você (ainda) encontrar e que... apostarem em você?

O videoclipe feito para Paper Bag traz escolhas que vão ao coração da canção: 1) a situação de defasagem de maturidade (“Eu pensei que ele fosse um homem mas ele era só um garotinho”) é representada pela presença de uma multidão de garotos (realmente garotos) com os quais a artista contracena; 2) o ritmo gracioso da música é valorizado pelo número de dança performado pelos garotos – e também por ela; 3) a coreografia que eles dançam é marcada por leveza, graciosidade e por um caráter lúdico, em consonância com o contraste já comentado entre o tema da música e o seu arranjo instrumental; 4) na fotografia, a ambiguidade do jogo entre o azul e o vermelho... Fiona em vestido vermelho... a mala azul que ela leva ao final, olhando para trás e... sorrindo.

É maravilhoso que, fiéis à música, eles tenham feito um vídeo tão bonito sobre uma experiência tão triste – e ordinária. O clipe foi dirigido pelo namorado de Fiona à época, o cineasta Paul Thomas Anderson.

O desencontro amoroso. O amor não correspondido. A sua dor. Fiona Apple trata disso em Paper Bag (Spotify / YouTube) – e, nela, apesar de sua voz performar um espectro emocional que passa rápido da fantasia e esperança às frustrações e sofrimento daquela experiência, é notável como a música, de forma consistente e contrastante (em relação à letra), investe em um andamento realmente gracioso, quase uma valsa; e, ao final, a ênfase nos metais surpreendentemente acaba por conferir delicadeza, uma aura romântica e mesmo certo conforto. Doce. Amargo. Dor. Beleza.

Eu estava olhando para o céu, procurando uma estrela Para rezar, ou fazer um pedido, ou algo assim Eu estava curtindo um devaneio em relação a um garoto Que na realidade eu sabia, era algo sem esperança E então a pomba da esperança começou sua descida E eu acreditei por um momento que minhas chances Estavam crescendo Mas quando ela caiu ali perto, uma lágrima cansada também caiu Eu pensei que fosse um pássaro, mas era apenas um saco de papel

A fome dói, e eu o quero tanto, oh isso mata Porque eu sei que sou uma bagunça que ele não quer limpar Eu tive que desistir porque estas mãos estão muito trêmulas para segurar A fome dói, mas morrer de fome ajuda, quando custa demais amar

E eu fiquei louca de novo hoje Procurando uma corda para escalar, procurando um pouco de esperança Ele disse que não poderia ficar Não colocaria seus lábios nos meus e, sem beijo, não tem jeito Eu disse, “Querido, não me sinto muito bem, não fique acanhado Vamos, coloque um pouco de amor aqui no meu vazio,” Ele disse, “Está tudo na sua cabeça,” E eu disse, “Assim como tudo” mas ele não entendeu Eu pensei que ele fosse um homem mas ele era só um garotinho

A fome dói, e eu o quero tanto, oh isso mata Porque eu sei que sou uma bagunça que ele não quer limpar Eu tive que desistir porque estas mãos estão muito trêmulas para segurar A fome dói, mas morrer de fome ajuda, Quando custa demais amar A fome dói mas eu o quero tanto, oh isso mata Porque eu sei que sou uma bagunça que ele não quer limpar Eu tive que desistir porque estas mãos estão muito trêmulas para segurar A fome dói, mas morrer de fome ajuda, Quando custa demais amar Oh, a fome dói mas eu o quero tanto, oh isso mata Porque eu sei que sou uma bagunça que ele não quer limpar Eu tive que desistir porque estas mãos estão muito trêmulas para segurar A fome dói, mas morrer de fome, ajuda Quando custa demais amar

Como adoro a bateria em Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control, eis aqui um vídeo com uma cover da bateria da música, feita pelo baterista Roddy Bailey (que costuma fazer transcrições e covers de músicas do Tame Impala).

É fascinante isolar assim visualmente um dos canais da música, ainda mais se tratando de um trabalho tão exuberante e belo como o desta bateria. É lindo ver a performance do músico: a concentração, a busca pela exatidão, o perfeccionismo; a reverência, o amor pela canção.

A felicidade de passar a gostar ainda mais de algo de que já se gosta muito.

Eu já escutava o disco Lonerism há alguns anos. (Durante uma época ele não saía da minha vitrola). E a música Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control (Spotify / YouTube) era (ainda é) uma das minhas preferidas do disco.

Aquele teclado de notas alongadas; a bateria hipnótica, incansável, de tons quentes; a bela voz em falsetto de Parker; a “fala” inserida na canção (performada pela então namorada do cantor); o momento quase solo da bateria; a massa sonora cheia de efeitos tomando todo o espaço; a atmosfera melancólica...

Mas, eu nunca havia parado para verificar a letra. Entendia apenas uma palavra aqui e outra ali, por conta da maneira típica de Kevin Parker mixar as músicas (com a voz abaixo dos instrumentos e cheia de efeitos e distorções).

Então, certo dia, resolvi checar a letra. Ela é assim:

Nada do que aconteceu até agora foi algo que pudéssemos controlar Só estou aqui esperando o momento perfeito para te contar que não sei Talvez eu esteja apenas lendo de uma forma um pouco mais profunda do que deveria Tornaríamos isso mais fácil, iríamos devagar, se pudéssemos

“Ei, o que você está fazendo aqui? Você está pensando sobre tudo isso, não é? Eu sei que é loucura, apenas não pense sobre isso dessa forma. Nada tem que significar coisa alguma. Vem, vamos voltar para dentro”

Elodie, olhe pra mim, a menos que você esteja tentando me machucar Golpe forte, vou ao chão, agora eu só quero deixar ir É certo? É errado? Eu não sei Não é mais a causa pela qual estou lutando, é uma merda continuar correndo Eventualmente, haverá um tempo para um pensamento mais claro Por enquanto, eu choro, não consigo dormir, tento segurar um sentimento bom Acabei de ter um, aqui vai ele, lá vai ele Agora nós devemos perder a luta, sim, mas está tudo bem, não foi nossa decisão

Nada do que aconteceu até agora foi algo que pudéssemos controlar Só estou aqui esperando o momento perfeito para te contar o que sei Todo homem é feliz até que a felicidade de repente é um objetivo Eu estarei aqui esperando até o médico chamar e então eu te aviso